O vice-presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho), ministro Emanoel Pereira, declarou nesta quinta-feira (28) que a greve dos trabalhadores dos Correios é abusiva, porque começou quando a negociação coletiva entre patrões e os representantes dos trabalhadores ainda estava em andamento.

Em nota, os Correios afirmaram que "diante da decisão, os empregados que aderiram à paralisação devem retornar aos seus postos de trabalho imediatamente".

Com isso, deixa de valer uma liminar concedida na terça-feira (26) que determinava a manutenção de 80% das atividades dos Correios. A greve é realizada por parte dos sindicatos desde a semana passada.

Atividade de impacto na vida da população 

Para o ministro, a situação é delicada, porque envolve uma empresa estatal que exerce atividade de impacto na vida da população. "Portanto, não vejo outro caminho que não seja reconhecer a abusividade da greve", concluiu.

Portanto, segundo ele, "cabe ao empregador adotar as providências que entender pertinentes, conforme sua conveniência, partindo da premissa de que para tais trabalhadores não há greve, mas simplesmente ausência ao trabalho".

Sindicatos contestam decisão 

A Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares) contesta a decisão do TST e afirma que "em nenhum momento, a federação se absteve de realizar as negociações" com os Correios, "tendo reiterado a disponibilidade do Comando de Negociação".

"A própria direção da empresa, por meio de nota, cancelou as negociações devido à deflagração da greve. Logo, a decisão dos empregados não é fato impeditivo para a continuidade do processo de negociação, conforme informado à direção dos Correios, anteriormente", afirmou a Fentect, em nota.

A entidade disse, ainda, que "está estudando as medidas judiciais cabíveis".

Greve atinge todos os Estados 

A greve dos Correios foi aprovada na semana passada, atingindo inicialmente 20 Estados e o Distrito Federal, onde os sindicatos são ligados à Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares).

Na terça-feira (26), sindicatos dos Correios do Rio de Janeiro, da região metropolitana de São Paulo, do Tocantins e do Maranhão também decidiram entrar em greve. Com isso, a paralisação passou a atingir todos os 26 Estados do país, mais o Distrito Federal. Os sindicatos que representam os trabalhadores dessas regiões são ligados à Findect (Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios).

Apenas a região de Bauru (SP), cujo sindicato é ligado à Findect, não aceitou a paralisação.

Entidades querem reajuste e são contra privatização 

Entre as reivindicações, a Fentect pede reajuste salarial de 8% e aumento de outros benefícios. "Além de adiar a negociação por três vezes e jogar vários temas para depois do combinado, a empresa segue retirando cláusulas e sugerindo alterações que ferem apenas os direitos dos trabalhadores", informa nota da entidade.

Por isso, ela decidiu orientar pela greve na semana passada, antes do final das negociações.

A Findect, por outro lado, manteve negociações até o início desta semana, por isso entrou em greve depois. Ela afirma que a proposta apresentada pelos Correios prevê reajuste salarial de 3% só em janeiro do ano que vem, ponto "que impossibilita o fechamento de um acordo", segundo a entidade.

Os sindicatos querem que o reajuste seja retroativo à data-base da categoria, que é 1º de agosto. As federações também são contra a privatização dos Correios.

 

Na semana passada, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que uma oferta inicial de ações na Bolsa pode ser uma boa alternativa para os Correios, como um passo anterior à privatização total. (Fonte: UOL)

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