O resultado da empresa de 2017 foi afetado pelo acordo para encerrar processos judiciais movidos por investidores nos EUA, que custou R$ 11,2 bilhões (Daniel Silveira e Marina Gazzoni)

A Petrobras teve prejuízo líquido de R$ 446 milhões em 2017, no quarto ano consecutivo de perdas. O resultado da empresa foi afetado pelo acordo fechado pela companhia para encerrar processos judiciais movidos por investidores nos Estados Unidos e pela adesão a programas de regularização fiscal, que custaram juntos cerca de R$ 21,6 bilhões.

Veja os destaques do balanço da Petrobras de 2017:

 - Prejuízo líquido de R$ 446 milhões, mas lucro operacional de R$ 35,6 bilhões em 2017.

 - Despesa de R$ 11,2 bilhões no acordo para encerrar processo de investidores nos EUA.

 - Custo de R$ 10,4 bilhões na adesão ao programa de regularização de dívidas fiscais

A Petrobras ressalta que o prejuízo de 2017 foi o menor dos últimos 4 anos e que seu resultado operacional, de R$ 35,6 bilhões, foi mais do que o dobro do registrado em 2016.

Em 2016, a Petrobras teve prejuízo líquido de R$ 14,824 bilhões, puxado principalmente por baixas contábeis que reduziram sua avaliação de ativos.

A Petrobras afirmou que se não fossem as despesas extraordinárias, a companhia teria registrado lucro líquido R$ 7 bilhões.

"Estamos numa trajetória consistente de recuperação, seguindo à risca o que nos propusemos no nosso plano de negócios. Os maiores impactos no balanço de 2017 refletem despesas não recorrentes que reduziram incertezas e riscos em relação ao futuro da companhia", disse, em nota, o presidente da estatal, Pedro Parente. "São resultados bastante positivos. Nós estamos bastante satisfeitos”, declarou Parente ao abrir a entrevista coletiva.

Apesar do impacto financeiro negativo, Parente destacou que a realização do acordo para encerrar as ações judiciais contra a empresa é um ponto positivo de 2017. "A solução para o tema da class action foi importante empresa para eliminar uma incerteza (sobre os negócios da companhia", disse.

O diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, afirmou que tanto o acordo da class action quanto o programa de regularização de débitos federais “foi duramente” buscado pela companhia e que isso trouxe a valorização de mercado das ações da companhia.

Lucro operacional maior

A companhia teve um lucro operacional de R$ 35,6 bilhões, 108% acima do registrado em 2016. Esse indicador exclui as despesas fora da operação, como gastos com processos judiciais. Os ganhos operacionais se devem, principalmente, aos seguintes fatores:

 - Reavaliação de ativos abaixo do registrado em 2016;

 - Maiores exportações de petróleo e a preços mais altos;

 - Ganho com a venda da NTS no 2º trimestre;

 - Redução de despesas com pessoal.

"Houve redução de R$ 16,4 bilhões em relação a 2016 nas reavaliações de ativos da companhia, fator que mais contribuiu na melhoria do lucro operacional", explicou a empresa.

A receita da empresa em 2017 atingiu R$ 283,695 bilhões, praticamente estável (variação de 0,4%) ante o resultado de 2016.

Quarto trimestre

A Petrobras teve perdas de R$ 5,477 bilhões no quarto trimestre de 2017. Além da despesa associada ao encerramento da ação coletiva nos EUA e dos programas de regularização fiscal, a empresa também teve seu resultado afetado pela reavaliação de ativos, que gerou perdas financeiras de R$ 3,5 bilhões no período.

Redução de investimentos e dívida

O balanço da Petrobras também mostrou a redução de investimentos pela empresa, que somaram R$ 42 bilhões em 2017, queda de 12% em relação ao ano anterior.

Já a dívida bruta da companhia recuou 6%, para R$ 361,5 bilhões. Os esforços da Petrobras para alongar sua dívida aparecem no balanço. O prazo médio de vencimento dos empréstimos da empresa aumentou de 7,46 anos, em 2016, para 8,62 anos.

O diretor financeiro da estatal afirmou que “seu custo está absolutamente sob controle e em trajetória de redução”. Eles ressaltou que a companhia irá manter uma gestão ativa da dívida. “Sempre que o mercado nos oferecer uma oportunidade nós vamos aceitá-la."

Venda de ativos

Parente destacou que o programa de parceria e desinvestimentos da companhia permitiu a entrada de caixa de US$ 6,4 bilhões para a empresa em 2017. “Esse programa está mantido para 2018”, afirmou.

A meta no plano de negócios da companhia é conseguir vender US$ 21 bilhões em ativos no biênio de 2017 e 2018.

A diretoria da Petrobras aponta que as principais apostas para as novas vendas são os gasodutos Norte/Nordeste. Além deles, a companhia disponibiliza, entre outros, a refinaria de Psadena, 71 campos terrestres, 33 campos de águas rasas, três campos de águas profundas, distribuição no Paraguai e unidades de fertilizantes.

Aumento de área explorada

A diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Simone Guedes, destacou que, pelo lado operacional, a companhia conseguiu manter em 2017 o índice de reserva e produção. Além disso, reduziu de US$ 13,3 bilhões para US 12,4 bilhões os gastos operacionais com a exploração e produção de petróleo.

Para 2018, ela destacou que será dado início às atividades sísmicas nos blocos marítimos adquiridos nas rodadas de licitação do ano passado. A expectativa é de que a companhia consiga aumentar em 17% a área exploratória.

No pré-sal, Solange destacou que será extraído neste ano o primeiro óleo do campo de Búzios, adquirido na cessão onerosa. Nos campos de Lula e Cernambi, serão instaladas neste ano as duas últimas plataformas para exploração. Já para o campo Mero, a primeira plataforma já foi contratada.

Dividendos trimestrais

No mesmo dia da divulgação do balanço, a Petrobras propôs estudos para o pagamento de dividendos trimestralmente e não mais anualmente. A mudança ainda depende de aprovações no conselho de administração e em assembleias de acionistas.

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