Após ter sido incluído em lista de países sob suspeita de descumprir normas internacionais de proteção aos trabalhadores, o governo brasileiro acusou a Organização Internacional do Trabalho (OIT) de fazer "jogo político" e de desconhecimento sobre a legislação brasileira.

A dita "Reforma" Trabalhista do governo Temer é objeto de análise durante a 107ª Conferência Internacional do Trabalho da organização, que começou na última segunda-feira (5), em Genebra, na Suíça. 

O procurador-geral do Ministério Público do Trabalho (MPT), Ronaldo Fleury, acompanhou os debates e lamentou a manifestação do governo brasileiro. "Lamentamos que algumas manifestações durante os debates tenham sido de ataque ao Comitê de Peritos e à própria OIT. Como representantes de instituição que tem por missão a promoção dos direitos fundamentais no mundo do trabalho, defendemos que os mecanismos de supervisão de normas internacionais devem ser respeitados, independente das circunstâncias", disse o procurador-geral.

O representante internacional dos trabalhadores, Marc Leemans, também lamentou a posição do governo brasileiro. O representante dos trabalhadores brasileiros, Antonio Lisboa, lembrou que o MPT alertou o Congresso Nacional e o governo federal que a reforma trabalhista violava a Constituição Federal e normas internacionais ratificadas pelo Brasil.

Já a representante internacional dos empregadores, Sonia Regenborgen, defendeu a necessidade de ampliar o prazo de análise dos impactos das alterações da legislação trabalhista no Brasil. O Brasil recebeu apoio de apenas 9 países – entre eles Rússia, Paraguai e China. Nenhum país da União Europeia se manifestou a favor.

Durante a abertura da conferência, o ministro do Trabalho, Helton Yomura, declarou que a nova lei, chamada pelo governo de "modernização trabalhista", permite maior flexibilidade na gestão do tempo do trabalhador e mais equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

No início desse ano, o Comitê de Peritos da OIT pediu ao governo brasileiro a revisão dos pontos da reforma trabalhista que permitem a prevalência de negociações coletivas sobre a lei. O Comitê confirmou o entendimento de que a reforma trabalhista viola a Convenção nº 98, sobre direito de sindicalização e de negociação coletiva, ratificada pelo Brasil.

Foi pedida ainda a revisão da possibilidade de contratos individuais de trabalho estabelecerem condições menos favoráveis do que o previsto na lei. A reforma trabalhista estabelece a possibilidade do negociado prevalecer sobre o legislado, inclusive para redução de direitos. Prevê também a livre negociação entre empregador e empregado com diploma de nível superior e que receba salário igual ou superior a duas vezes o teto do Regime Geral de Previdência Social (RGPS). As conclusões da comissão sobre o caso brasileiro devem ser divulgadas nesta quinta-feira (7). (Fonte: Diap)

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