Após chegar no menor patamar histórico, Banco Central corresponde à expectativa do mercado e mantém taxa Selic em 6,5% ao ano novamente

Esta é a terceira vez seguida que o Copom decide não alterar a taxa Selic que está no menor patamar desde o início do plano Real em 1994 e do regime de metas para a inflação, adotado em 1999.

Para chegar nesse patamar, no entanto, a equipe econômica do Banco Central reduziu 12 vezes seguidas a taxa básica de juros entre outubro de 2016 e março de 2018. Nesse período, a Selic saiu do patamar de 14,25% ao ano para os atuais 6,5% ao ano.

Apesar de estar no menor patamar histórico, o mercado já teve expectativas de que a taxa Selic cairia ainda mais.

Em maio deste ano, em meio à volatilidade do câmbios e as turbulências do mercado externo, agitado em grande parte por conta do risco de uma guerra comercial entre Estados Unidos e China - as duas maiores economias do mundo - e pelo aumento da taxa básica de juros do país norte-americano, o Comitê surpreendeu o mercado que esperava um corte de 0,25%, para fazer a taxa chegar a 6,25% e decidiu manter os juros em 6,5% ao ano.

Com as justificativas publicadas na sequência, o mercado se adaptou e passar a não esperar por mais cortes no ano. Além disso, a expectativa dos analistas é que a taxa seja mantida nesse patamar até o fim de 2018 e volte a subir em 2019 chegando a 8%.

Para que serve a taxa Selic?

A Selic é a taxa básica de juros da economia e serve como referência para todas as demais taxas cobradas pelos bancos de seus consumidores.

O Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) é um sistema informatizado destinado ao registro, custódia e liquidação dos títulos públicos federais emitidos pelo Banco Central e pelo Tesouro Nacional tais como Letra do Tesouro Nacional e Nota do Tesouro Nacional. O acesso ao Selic é restrito a instituições credenciadas no mercado financeiro.

Porém, a Selic é utilizada no mercado entre os bancos do País que fazem milhões de transações entre leles ao longo do dia, ou seja, os bancos realizam empréstimos uns aos outros durante um curtíssimo prazo de tempo, geralmente para o prazo de um dia.

Nessas operações, as instituições bancárias oferecem títulos públicos como garantia (lastro) pelo caixa emprestado, a fim de reduzir riscos associados a essas operações, assim como qualquer outro empréstimo. Essas transações, conhecidas como compromissadas, são registradas no Selic.

Com tudo isso, é gerada a chamada “taxa overnight do Selic”, que é o resultado da média ponderada pelo volume das operações compromissadas realizadas em determinado dia, tomando como base a forma anual de 252 dias úteis.

Apesar de não ser exatamente fixa, variando praticamente todos os dias, a tendência é que se aproxime da meta ao longo do dia, pois o Banco Central do Brasil pode intervir, injetando ou retirando dólar do mercado, por exemplo, o que força a taxa a se aproximar da meta.

No site do Banco Central do Brasil, é possível consultar a Taxa Selic Diária, com informações específicas tais como a taxa percentual ao ano, a base de cálculos e as estatísticas. A metodologia utilizada para o cálculo da taxa overnight Over/Selic também é divulgada.

Dessa forma, como a taxa Selic é a taxa que os bancos utilizam entre eles e que o governo também aplica sobre os próprios empréstimos que ele faz, a Selic é usada como referência para outras taxas de juros do mercado – o que significa que ela é a “base” para a definição dos juros no País.

Aqui é onde mora o problema. Apesar de a taxa estar no menor nível da série histórica, os bancos ainda cobram caro pelo crédito. Modalidades como o cheque especial e o rotativo do cartão de crédito têm  juros de cerca de 300% ao ano.

De qualquer forma, essa taxa é estabelecida e divulgada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), em reuniões realizadas oito vezes por ano, a cada 45 dias, conforme uma regulamentação do início dos anos 2000 e serve como principal forma de controle do Banco Central para que a inflação fique dentro da meta estabelecida pela equipe econômica do governo, reunida no Conselho Monetário Nacional.

Como controlar a inflação?

 Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Dessa forma, quando o Copom diminui os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação. A manutenção da Selic, como prevê o mercado financeiro, indica que o Copom considera as alterações anteriores suficientes para chegar à meta de inflação.

Em 2018, o centro dessa meta de inflação é 4,5%, com limite inferior de 3% e superior de 6% e, por enquanto, a estimativa mais recente do próprio Banco Central é de que a inflação do ano fique em 4,2% ao ano, muito próxima da expectativa do mercado de 4,11%, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, a inflação oficial do país).

Dessa forma, de um jeito ou de outro, o BC interpretou nessa reunião do Copom que a inflação estava sob controle e que o momento econômico do País não pede maiores intervenções através da taxa Selic . Fonte: Brasil Econômico)

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