No recorte por idade, gênero e cor, jovens mulheres negras são as mais prejudicadas pelo desemprego, mas arrimos de família também preocupam

 

O desemprego no Brasil têm idade, gênero e cor. Segundo os dados divulgados esta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, no segundo trimestre de 2018 o Brasil contava com 13 milhões de desempregados, uma parte dos 27,6 milhões de trabalhadores sub-utilizados . O índice, porém, é pior entre os jovens, as mulheres e os negros.

Desemprego no Brasil entre os jovens

 

Contar com 13 milhões de desempregados significa que 12,4% da população economicamente ativa está procurando emprego. O índice de desemprego no Brasil , porém, salta para 26,6% entre os jovens de 18 a 24 anos. Juntos, apenas esse grupo reúne 4,1 milhões de pessoas, 32% do total de trabalhadores sem trabalho.

 

Numericamente, o grupo que vai dos 25 aos 39 anos até tem mais desempregados: são 4,5 milhões que correspondem a 34,6% do total, mas há como este grupo é muito maior, o percentual de pessoas que conseguem emprego nessa faixa etária comparativamente aos que não conseguem é maior do que entre os mais jovens.

 

De qualquer forma, reunindo esses dois grupos, brasileiros com idade entre 18 e 39 anos representam 67% do total de desempregados no Brasil. Enquanto, os que tem entre 40 e 59 anos somam 22,7% e aqueles que têm entre 14 e 17 anos, que já podem trabalhar desde que respeitem uma série de restrições, representam 8,1%. Idosos com 60 anos ou mais que ainda buscam emprego e não conseguem fecham a conta somando 2,6% do total.

Desemprego no Brasil entre as mulheres

 

No recorte por gênero, dos 13 milhões de desempregados no Brasil, 51% são mulheres e 49% são homens. Um percentual que reflete a distribuição de gênero entre a população em idade de trabalhar (52,4% x 47,6%), mas não reflete exatamente a quantidade de pessoas que de fato estão trabalhando ou procurando emprego, já que as mulheres ainda não foram completamente integradas ao mercado de trabalho na maior parte do País.

Isso pode ser constatado porque entre o grupo das pessoas empregadas predominaram os homens. Nesse quesito eles são 56,3% do total quando reunidas todas as regiões do Brasil, mas chegam a até 60,2% na região Norte.

 

Dessa forma, o nível de ocupação dos homens foi de 63,6% enquanto o das mulheres foi de 44,8%. Enquanto a região Norte novamente mostrou a maior diferença entre os gêneros (22,6 pontos percentuais), a região Sudeste demonstrou a menor (18 p.p.), ainda assim, muito grande.

 

Tudo isso reflete também na taxa de desemprego que, se na média foi de 12,4%, entre as mulheres foi maior (14,2%), e menor entre os homens (11%), demonstrando que elas têm mais dificuldade de encontrar emprego e se manter empregadas do que eles no Brasil.

A taxa de desemprego na análise por sexo também mostra que elas são as mais afetadas pelo desemprego. A taxa para os homens foi de 11%, abaixo da taxa geral, enquanto a das mulheres ficou em 14,2%.

 

Desemprego no Brasil entre os negros

 

O IBGE também constatou mais um dado preocupante sobre o quadro-geral de desemprego no Brasil: no que diz respeito à cor da pele, a população autodeclarada preta e parda sofre mais do que a população branca.

 

Isso porque o percentual de pretos desempregados é de 15%, o de pardos é de 14,4% e o de brancos é de apenas 9,9%, a única faixa que fica abaixo da média de 12,4%. Em dados gerais, os pardos representam 52,3% dos desempregados, enquanto os brancos são 35% e os pretos 11,8%. A título de comparação, o IBGE resolveu comparar o segundo trimestre de 2018 com o primeiro trimestre de 2012 quando os índices de desemprego começaram a subir.

 

Dessa forma, o instituto observou que, há seis anos, quando o contingente de desempregados no País era de 7,6 milhões de pessoas, os pardos representavam 48,9% dessa população, os brancos 40,2% e os pretos 10,2%. Ou seja, apenas os brancos tiveram redução no percentual de desemprego.

 

Desemprego entre os arrimos de família

 

O gerente da PNAD, Cimar Azeredo, porém, ainda destacou um outro ponto importante. Para ele, é preocupante ver o crescimento de desemprego na faixa de população que vai de 40 a 59 anos. Segundo ele, o desemprego dessas pessoas que cresceu 131% em relação ao segundo trimestre de 2014 é mais preocupante porque elas sustentam a família e geralmente são as que menos perdem o emprego.

 

"É preocupante, porque mostra que o desemprego atingiu uma faxia da população que não pode de forma nenhuma ficar desempregada", disse o coordenador antes de completar "essa taxa [de desemprego] é muito maior entre os jovens por conta das barreiras que são impostas a ele para ingressar no mercado de trabalho. Capacitar uma pessoa para o mercado custa caro. Por isso o mercado tende a buscar quem já tem experiência profissional”. Ele ainda afirmou que "o jovem, geralmente, está preso a uma estrutura familiar. Em condições normais, o jovem já é mais afetado pelo desemprego. Mas quando o desemprego afeta a população adulta é mais preocupante, porque é essa parcela que deveria efetivamente estar ocupada, já que a princípio seria a que já concluiu os estudos, se constituiu como arrimo de família e que tende a ter mais dificuldade de se realocar no mercado", avaliou.

 

Por último, ele ainda completou: "quando o desemprego no Brasil atinge essa parcela da população, é um sinal de que nem a informalidade está dando conta de absorver as pessoas que perdem o trabalho e que a precarização do mercado é bastante forte", finalizou. (Fonte: Brasil Econômico)

 

 

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