Segundo as informações, as taxas do rotativo do cartão subiram 11,2 pontos percentuais nos últimos três meses, enquanto os juros do cheque especial avançaram 15,2 pontos percentuais no mesmo período (Hamilton Ferrari)

 Os juros do rotativo do cartão de crédito subiram pelo terceiro mês consecutivo. A média cobrada pelos bancos passou de 285,4% ao ano em dezembro para 286,9% ao ano em janeiro. O mesmo ocorreu com o cheque especial, que aumentou de 312,6% ao ano para 315,6% ao ano.


Os dados foram divulgados no relatório “Estatísticas Monetárias e de Crédito” do Banco Central (BC). A autoridade monetária realiza coletiva de imprensa manhã desta quarta-feira (27/2), em Brasília.


Segundo as informações, as taxas do rotativo do cartão subiram 11,2 pontos percentuais nos últimos três meses, enquanto os juros do cheque especial avançaram 15,2 pontos percentuais no mesmo período.


Das oito principais linhas de crédito ofertadas pelos bancos, seis registraram altas nos juros. Veja:


Confira a evolução das taxas (em % ao ano):


Modalidade     Dez/18 Jan/19

Cheque especial              312,6 315,6

Rotativo do Cartão de crédito      285,4 286,9

Crédito Pessoal não consignado      107,3 116,5

Consignado (servidores)       22,2 22,2

Consignado (trabalhadores privados)       37,2 37,5

Consignado (aposentados e pensionistas)   25,3 25,3

Aquisição de veículos        21,7 22,4

Parcelado               158,9 163,1


Taxas
Segundo o BC, a taxa de juros média dos recursos livres está em 37,7% ao ano, sendo que o índice para empresas é de 20,2% ao ano e, para os consumidores, é de 51,4% ao ano. Para o primeiro grupo, a cobrança ficou 1,4 ponto percentual mais cara em janeiro. Para as famílias, subiu 2,1 pontos percentuais.


O spread bancário, que é a diferença entre a taxa que as instituições financeiras captam dinheiro e os juros que cobram ao realizar empréstimo, para as pessoas físicas aumentou pelo oitavo mês consecutivo. Em janeiro, marcou 43,5 pontos percentuais nos recursos livres.

O movimento de alta nos juros ocorre mesmo com a taxa básica Selic se mantendo no menor nível da história.


Banco Central

Nesta terça-feira (26/2), o Senado Federal deu aval para o presidente Jair Bolsonaro nomear o economista Roberto Campos Neto para assumir o cargo de presidente do Banco Central (BC). Ele foi sabatinado por mais de quatro horas na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).


O principal questionamento dos parlamentares foi sobre os juros altos cobrados no país. Campos Neto, que fez carreira no Banco Santander, minimizou os lucros das instituições financeiras e defendeu que há, sim, competição, mas que é preciso aumentar a concorrência através da modernização do mercado.


O economista afirmou que o spread bancário é composto por quatro fatores. “É basicamente 35% inadimplência, 25% custo financeiro, 25% imposto e 15% lucro”, afirmou o economista. “Quando olhamos outro países, o componente lucro é razoavelmente maior do que no Brasil, então grande parte do spread bancário não é lucro, mas, sim, outros custos”, defendeu Campos Neto.


Ele ressaltou que é preciso, portanto, diminuir o impacto destes fatores para diminuir os juros. Uma das opções é a aprovação da lei do Cadastro Positivo, que passou pela Câmara e está no Senado, segundo o economista. O futuro presidente do BC também defendeu “remodelar” os empréstimos compulsórios dos bancos ao estado. Campos Neto disse que haverá o envio de novos projetos para reduzir as taxas cobradas.


A inadimplência também é um fator de preocupação. “O Brasil hoje tem uma recuperação de crédito muito lenta e muito custosa. Para se ter uma ideia, a cada R$ 1 emprestado, se recupera R$ 0,13 e se leva, em média, quatro anos. Enquanto outros países emergentes a taxa de recuperação é de 60% num prazo de um ano e meio e dois anos”, argumentou Campos Neto. (Fonte: Correio Braziliense)

 

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