Ao longo do ano de 2018, 19,5% do total de usuários do cheque especial utilizaram a modalidade de crédito em todos os doze meses do ano (Por Beatriz Roscoe)


Os brasileiros voltaram a se endividar no cheque especial, uma das modalidades de crédito com maior taxa de juros — 323,3% ao ano. Somente em abril, houve aumento de 7% na concessão em relação a março, atingindo R$ 32,453 bilhões. De acordo com o professor de finanças da Fia e Unifesp Bolívar Godinho,  a falta de educação financeira faz com que as pessoas utilizem o cheque especial de forma equivocada. “Os usuários não questionam os juros que estão pagando, usam porque é prático. Há um limite na conta-corrente e, por isso, não questionam se existem outras modalidades mais baratas”, explica.

Ao longo do ano de 2018, 19,5% do total de usuários do cheque especial utilizaram a modalidade de crédito em todos os doze meses do ano. Mais de 50% tomaram esse crédito em mais de seis meses. A inadimplência atingiu 13,5% em abril deste ano.  De acordo com o Banco Central, os maiores usuários da modalidade são aqueles com menor renda e escolaridade — 43,9% das pessoas que utilizaram o cheque especial ganhavam até dois salários mínimos.


Segundo Godinho, a situação das famílias está muito difícil, o desemprego está alto, o que leva ao endividamento. “O endividamento por meio do cheque especial é o pior de todos. É preciso alertar essas pessoas, para que elas saibam que existem outras modalidades de crédito, com taxas mais baixas. Como a economia não cresce, estamos em um período em que todos estão apertados, há um alto desemprego.”Continua depois da publicidade


A advogada Sandra Oliveira, 44 anos, não usa o cheque especial há mais de dois anos. Ela utilizava o crédito para fechar contas do dia a dia, e chegou a usar mais de uma vez. Sandra pegou um empréstimo para pagar as dívidas, e acabou contraindo uma dívida que durou cerca de cinco anos para ser quitada. “É uma das coisas que pretendo nunca mais fazer. Cheguei a pagar prestações de R$ 800 em um momento em que eu não estava trabalhando e ainda estava doente. O banco só aceitou renegociar quando atrasei algumas prestações”, disse.


De acordo com o professor de finanças do Insper Ricardo Rocha, o ideal é evitar utilizar o cheque especial. “O brasileiro não planeja o orçamento, e principalmente não tem um orçamento realista.  É preciso mapear os gastos, ter clara noção das contas. É preciso cortar de onde pode cortar e verificar se, caso seja feito um esforço, é possível guardar dinheiro”. Segundo ele, quando a meta é poupar, diminui-se o consumo desnecessário e o gasto com supérfluos.


Rocha explica que quem já está endividado precisa rever contas para cortar gastos. “Além disso, deve ir ao banco e tentar trocar o cheque especial por um crédito com maior número de parcelas ou taxas mais baixas”.  No entanto, o melhor a fazer é evitar utilizar o cheque especial. (Fonte: Correio Braziliense)

 

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