As mudanças anunciadas pelo governo Jair Bolsonaro (PSL) no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) na quarta-feira (24) podem não ser definitivas.
Isso porque o Executivo implantou as alterações por meio de uma medida provisória (MP) – dispositivo que, apesar de começar a valer imediatamente, precisa ser aprovado no Congresso Nacional para que seja transformado em lei. As MPs precisam ser votadas por deputados e senadores em até 120 dias a sua publicação.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que o modelo de saque do FGTS proposto pelo governo, apesar de ser "correto" no curto prazo, precisa ser discutido para a implementação definitiva.
"O dinheiro do trabalhador não deveria ser usado pelos governos como foi usado nos últimos anos, muito menos ter recebido a remuneração vergonhosa que recebeu. Não há nenhuma crítica ao atual governo, mas na minha avaliação este debate deveria acontecer e rápido", afirmou Maia ao Estadão.
Líderes dos partidos também sinalizaram que devem propor mudanças na MP. José Nelto (GO), do Podemos, afirmou ao Estadão que pretende sugerir o aumento do limite do saque imediato para R$ 1 mil por conta. Pela proposta do governo, no máximo R$ 500 poderão ser retirados.
Já Marcel Van Hattem (RS), do Partido Novo, disse que a legenda pretende propor mudanças mais radicais, que incluem a devolução total do dinheiro ao trabalhador. A proposta, entretanto, esbarra no setor da construção civil. Os recursos do FGTS são utilizados para financiar programas de habitação, como o Minha Casa Minha Vida. Com o saque total, o sistema de habitação ficaria sem sua principal fonte de financiamento.
De acordo com a legislação, as MPs têm validade de sessenta dias, prorrogáveis por mais sessenta. Se não for apreciada no Congresso em 45 dias a partir da publicação, a matéria tranca as pautas da Câmara ou do Senado, dependendo da Casa onde estiver tramitando.
Entenda as alterações nas regras do FGTS feitas pelo governo
O governo federal anunciou, na quarta-feira (24), a liberação de saques do FGTS para os trabalhadores brasileiros. A partir dos meses de agosto e setembro, será possível retirar R$ 500 do fundo, e também resgatar recursos de contas do PIS/Pasep.
Além disso, a gestão de Jair Bolsonaro (PSL) incluiu na MP uma nova modalidade de saque do FGTS, fazendo o que chamou de "mudanças estruturais" na gestão dos recursos. Chamado de "saque-aniversário", o sistema permite que o trabalhador retire recursos do fundo anualmente, mas não possa acessar todo o montante em caso de demissão sem justa causa.
Para receber o dinheiro todos os anos, o contribuinte precisa aderir ao sistema – ou seja, o "saque-aniversário" não é compulsório, mas sim uma opção para o trabalhador." (Fonte: Gazeta do Povo)