Peça-chavedo núcleo financeiro do mensalão, o Banco Rural e seus ex-controladores aindaestão sendo punidos por crimes contra o sistema financeiro nacional, seis mesesapós o Banco Central decretar sua liquidação extrajudicial. A punição do BC aobanco mineiro de novembro de 2009 só foi julgada no mês passado pelo Conselho deRecursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN), conhecido como Conselhinho.
Oórgão manteve todas as penalidades aplicadas pelo BC ao Rural por duasinfrações. O acórdão ainda não foi publicado no site do Conselhinho, mas oEstado apurou que o banco mineiro omitiu o vínculo societário e deadministração com o Trade Link Bank, localizado nas Ilhas Cayman.
Alémdisso, fez um empréstimo a essa offshore, o que é proibido por lei, uma vez queas duas instituições tinham os mesmos controladores, mas não apresentavambalanço consolidado. A multa aplicada pelos conselheiros foi de R$ 125 mil.Além disso, nove ex-executivos ficam proibidos de exercer cargo deadministração em instituições financeiras por três ou seis anos.
Doisdos ex-dirigentes presos condenados no mensalão, a ex-presidente Kátia Rabelloe o ex-diretor José Roberto Salgado, foram inabilitados por seis anos. AyannaTenório, ex-diretora absolvida no mensalão, pegou três anos.
Sociedade
Trata-seda primeira vez em que se comprova que os dirigentes do Rural eram sócios doTrade Link Bank, envolvido em escândalos políticos desde o governo FernandoCollor de Mello (1990-1992) até a administração de Luiz Inácio Lula da Silva, oque sempre foi negado pelo Rural. A offshore foi epicentro das investigações doBanestado e da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apurou o caso. Nomensalão, foi apontada como a principal remetente de dinheiro à conta dopublicitário Duda Mendonça na offshore Dusseldorf. Os ministros do SupremoTribunal Federal (STF) entenderam que o Rural simulou empréstimos e abasteceu oesquema operado por Marcos Valério.
OEstado apurou que, desde 2004, o Conselhinho ou o próprio Ministério daFazenda, no caso de processos de lavagem de dinheiro, confirmaram em segundainstância oito processos administrativos do BC contra o Rural. Somadas, asmultas ao bancos e a ex-dirigentes chegam a R$ 12,8 milhões. As maiores forampara crimes de falsa identidade (R$ 10 milhões) e lavagem de dinheiro (R$ 1,6milhão). A última delas será cobrada da massa falida do banco, mas não estáentre as prioridades de pagamento, como obrigações trabalhistas e tributárias.
Esseprocesso contra o Banco Rural ficou três anos parado na Procuradoria-Geral daFazenda Nacional (PGFN), vinculada ao Ministério da Fazenda e responsável pelocadastro e cobrança judicial de dívidas. Procurados pela reportagem do Estado,os advogados do Banco Rural não quiseram se pronunciar. (Fonte: Estadão)


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