Acusadode desviar R$ 157 milhões do banco BVA, o ex-presidente e sócio da instituição,Ivo Lodo, recebeu a pena máxima do Banco Central e foi banido por 20 anos domercado financeiro.
OBC concluiu que ele e outros 11 ex-administradores do banco desviaram R$ 195,4milhões da instituição de 2009 a 2011 -cerca de metade deste valor por meio dedepósitos feitos na conta de Lodo.
Osexecutivos foram proibidos de ocupar cargos de direção ou gerência no mercadofinanceiro por prazos de 10 a 20 anos, segundo decisão a qual a Folha teveacesso. O ex-controlador do BVA, José Augusto Ferreira dos Santos, também foibanido, por 15 anos.
Procurados,Banco Central, Ministério Público Federal e os executivos Ivo Lodo e JoséAugusto Ferreira dos Santos não quiseram comentar.
Oex-diretor Luiz Pascoal foi contatado pelo celular há dois dias. Atendeu, masnão quis responder às perguntas, porque estava em reunião. Não retornou até ofechamento desta edição.
Essaé a primeira decisão do BC contra os ex-administradores do BVA. Todos aindapodem recorrer ao Conselhinho (Conselho de Recursos do Sistema FinanceiroNacional), que tem poder para modificar as sentenças.
Adecisão, contudo, já foi encaminhada ao Ministério Público Federal, que investigao caso na esfera criminal.
Plano de salvamento
Semdinheiro suficiente para honrar compromissos junto aos clientes, o BC colocou oBVA em processo de liquidação em junho do ano passado. Em dezembro, oliquidante nomeado pelo BC, Valder de Carvalho, recomendou a falência do banco.
Osex-controladores ainda tentam, no entanto, salvar a instituição. Elescontrataram o banco BTG Pactual para buscar um acordo com os credores. O planoé convencê-los a receber menos do que deveriam, mas de forma mais rápida do quena Justiça.
Acondenação dos ex-executivos não significa, portanto, que o banco seráliquidado. Caso Lodo consiga a aprovação da maioria dos credores para o planode "salvamento", e o BC concorde, o banco poderá ser vendido. Os ex-controladoresficariam, assim, livres da dívida deR$ 4 bilhões do banco.
Sejaqual for o destino da instituição, os executivos seguirão respondendo aosprocessos administrativos e penais -caso as irregularidades sejam comprovadas tambémpelo Ministério Público.
Fragilidade
Apunição aos ex-administradores encerra o primeiro de dois processos abertospelo BC para apurar irregularidades cometidas no BVA.
Aautoridade monetária determinou em abril do ano passado que uma comissão deinquérito investigasse o que levou o banco à tamanha fragilidade financeira.
Adecisão de inabilitar os ex-executivos confirma parte dos indícios deirregularidades levantados até agora.
Odinheiro foi sacado irregularmente de duas maneiras, de acordo com o BC.
Umadelas ocorreu por meio da empresa Peg Cred. Contratada como"correspondente não bancário", ela recebeu R$ 135 milhões em 2010 e2011 do BVA. Em seguida, transferiu R$ 101 milhões para empresas de executivosdo próprio banco (R$ 62,5 milhões para a empresa do então presidente Ivo Lodo).
Asegunda frente de desvio era mais direta: via depósitos do banco na contacorrente pessoal de Lodo.
Deacordo com o BC, de 2009 a 2011, ele recebeu R$ 94,6 milhões desta maneira.Pelas infrações praticadas por seus executivos, o BVA recebeu multa de R$ 200mil.

Aindacorre outro processo administrativo no BC, ainda sem previsão para conclusão.Ele se concentra na apuração da suposta contratação de consultorias"fantasmas" e gestão fraudulenta. (Fonte: Folha.com)
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