NOVAYORK - O número de bancos vem caindo nos principais países e as grandesinstituições financeiras estão cada vez maiores, mostra um estudo do FundoMonetário Internacional (FMI) divulgado ontem. No Brasil, o relatório mostraque a concentração do setor também subiu e os três maiores bancos do País, queem 2006 respondiam por 35% dos ativos bancários, passaram a responder por 55%.
Aconcentração é ainda maior em países como Canadá, França e Espanha, onde ostrês maiores bancos possuem mais de 60% dos ativos do setor. Em média, destacao FMI, esse porcentual é de 40% nas economias avançadas e em emergentes.
"Oalto grau de concentração traz um alto grau de potencial risco sistêmico.Problemas ou a falência de um dos três maiores bancos podem desestabilizar todoo sistema financeiro de um país", alerta o FMI no estudo. Em parte, porqueas operações de tal banco não podem ser facilmente substituídas por outrainstituição. Outro motivo é pela alta interconexão do banco quebrado com outrasinstituições financeiras. Além disso, a falência pode provocar uma crise deconfiança de todo o sistema, destaca o estudo.
Onúmero de bancos caiu em países avançados e emergentes. Nos EUA, por exemplo,havia 10 mil bancos em 2000 e agora há cerca de 7 mil. No Japão, eram 850 e onúmero caiu para cerca de 650. Na Índia, o total de bancos baixou pela metade,de 300 para 150. Muitos destes bancos faliram na crise de 2008, mas em váriospaíses os próprios governos encorajaram a consolidação do setor bancário,ressalta o FMI.
Aomesmo tempo, o peso do setor bancário na economia aumentou em diversos países ea participação dos ativos financeiros no Produto Interno Bruto (PIB) cresceunos últimos anos. Nos EUA, por exemplo, passou de 70% em 2000 para quase 90%.Na zona do euro, de 250% para 350% no mesmo período. O estudo não traz osnúmeros do Brasil.
"Osbancos continuam a ficar maiores e há menos bancos em operação", destaca oFMI no material enviado à imprensa comentando o estudo. O documento faz partedo relatório Estabilidade Financeira Global, que será divulgado na íntegra nareunião do FMI que começa dia 7 de abril em Washington.
Norelatório, o FMI também recomenda que os governos reforcem as reformas nosgrandes bancos. Desde a crise de 2008, com a quebra do Lehman Brothers,progressos foram feitos, mas a agenda de mudanças ainda está incompleta e osreguladores têm injetado bilhões para evitar problemas ou a quebra de grandesinstituições.
Apenasna zona do euro, a estimativa apresentada no estudo do FMI é que os governosdespejaram cerca de US$ 300 bilhões nos grandes bancos em 2012. Nos EstadosUnidos, foram quase US$ 70 bilhões. Estes números têm aumentado desde 2009 esão chamados pelo FMI de "subsídios implícitos".
Oestudo do FMI usou uma amostra de 100 bancos considerados sistemicamenteimportantes, incluindo o Banco do Brasil (BB) e o Bradesco, entre osbrasileiros. Vários são dos EUA, como Citigroup, JPMorgan Chase e Bank ofAmerica, e da Europa, como o BBVA, Santander, ABN Amro e BNP Paribas.
OFMI ressalta que a proteção dos governos aos grandes bancos cria váriosproblemas, como um ambiente de competição desigual com as instituições financeirasmenores e a possibilidade de tomada excessiva de riscos pelos grandes bancos. Oresultado é que o contribuinte pode ter de pagar a conta se o banco quebrar eprecisar ser socorrido pelo governo, como ocorreu nos EUA na crise de 2008. Sóo Citibank, terceiro maior banco americano, precisou de um pacote de ajuda deWashington de US$ 45 bilhões.
OFMI avalia que a possibilidade de acabar com o apoio dos governos aos grandesbancos parece improvável. Isso poderia, por exemplo, gerar problemas deconfiança no setor bancário. Mas nas recomendações de reformas do setor, oFundo argumenta que os reguladores precisam trabalhar para evitar problemasfinanceiros nesses bancos. Assim, poderiam reforçar as exigências de capital,como já vem acontecendo com os Estados Unidos.
Fonte:Estadão


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