Osíndices de confiança dos principais setores da economia brasileira atingiram asmenores marcas dos últimos cinco anos. Sondagens que medem o humor deconsumidores e empresários da indústria, comércio e serviços chegaram aospatamares mais baixos desde o segundo semestre de 2009, quando a economiaglobal tentava se recuperar da última grande crise financeira. Os dados são doInstituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).
Segundoespecialistas e empresários, isso acontece porque não há perspectiva de melhorano cenário para 2014 – mesmo diante de bons resultados em alguns indicadoresnos primeiros meses do ano, como emprego em alta, renda com crescimento real eos setores do comércio, serviços e indústria mais movimentados do que no anopassado.
Opessimismo vai mais além: parte da falta de políticas consistentes que mudem osrumos da economia brasileira diante do baixo crescimento e da inflação em alta.
Descrença
Naanálise do coordenador do Departamento Eco­nômico da Federação das Indústriasdo Estado do Paraná (Fiep), Maurílio Schmitt, a inexistência de uma políticageneralizada de corte tributário é o principal motivo da descrença.
“Osindicadores retratam um resultado passado, mas a falta de projetos e as oscilaçõesnas políticas econômicas são muito mais determinantes para o pessimismo geralse instalar”, afirma.
Segundoo economista da Unidade de Política Econômica da Confederação Nacional dasIndústrias (CNI), Marcelo Azevedo, existiram medidas de desonerações pontuais,mas não se vê um programa universal de corte tributário, o que é suficientepara que as expectativas ruins predominem. “Sem contar que alguns índices sãomais determinantes para a desconfiança geral, como a taxa de juros em alta e oaumento do custo da energia”, afirma.
Causa e efeito
Seas perspectivas de mudanças são baixas, o pessimismo não colabora para oprocesso de retomada. “Investimento baixo, adiamento de projetos e produçãoapenas estável só colaboram para um cenário ainda pior”, explica Azevedo.
Deacordo com especialistas, a atitude do setor privado poderia ser outra se odiscurso oficial vindo do planalto fosse mais convincente. No Japão, porexemplo, a retomada econômica partiu, antes de qualquer coisa, de uma mudançade postura do governo central.
“Aeconomia japonesa andou de lado por muitos anos, mas uma proposta de reformaeconômica, com mudanças nas legislações agrícola e tributária foi comprada pelosetor produtivo local”, afirma o especialista em Política Econômica da Universidadede Brasília, Sandro De Colo.
NoBrasil, a situação é bastante diferente. “Há algum tempo ouvimos o [ministro daFazenda] Guido Mantega fazer previsões irreais sobre crescimento, por exemplo.A credibilidade é zero”, completa.
Efeito
Paralisiacausada pela desconfiança pode atrasar o crescimento do país
Afalta de um sinal claro de mudança por parte do poder público e a insegurançada iniciativa privada são suficientes para derrubar o crescimento de um país ematé metade do seu potencial esperado, afirmam especialistas. Para o economistaTiago Berriel, da Escola de Pós Graduação em Economia da FGV, a paralisiacausada pelo pessimismo tem um efeito muito pior do que o atraso deinvestimentos. “O setor produtivo, como um todo, está parado. Se isso durar oano inteiro, podemos alcançar apenas metade do nosso crescimento potencial”,afirma.
Provadisso, segundo Berriel, é o baixo investimento privado nos setores que maisreceberam desonerações nos últimos 18 meses. Segundo o especialista, o setornão reagiu com as contrapartidas que se esperavam. “Isso foi fundamental paraque a economia brasileira esteja nos decepcionando.”
Parao especialista em política econômica da UnB, Sandro De Colo, a insegurançageneralizada é predatória, mas não o suficiente para reverter os quadroseconômicos de um cenário sólido. “A menos que isso se reflita em menosempregos, o que não parece que vá acontecer, o pessimismo apenas adia a reaçãoda economia”, explica.
Expectativa
Copado Mundo e eleições deixam investimentos em espera
Alémda confiança baixa, a realização da Copa do Mundo e as eleições presidenciaisdevem impactar no adiamento dos investimentos previstos no país ao longo doano. O primeiro ponto é a diminuição de dias trabalhados por causa dos feriadosnos dias de jogos do torneio. Com menor produção industrial e atividadescomerciais, a atividade econômica ficará debilitada no período.
Alémdisso, muitos empresários estão esperando como o país vai se sair naorganização da competição para, então, efetuar investimentos e expansão nosnegócios. “Existe toda uma expectativa com a Copa do Mundo, mas diante de todoo histórico do Brasil na preparação para o torneio, os negócios ficam em esperaaté que se tenha uma verdadeira noção de qual será a imagem que o país vai passarpara o mundo depois da competição”, avalia o professor de Economia daUniversidade Positivo Lucas Dezordi.

Omesmo acontece por conta da disputa presidencial. “As eleições fazem o governo,sobretudo o federal, contingenciar os gastos e investimentos no primeirosemestre, tendo em vista a disputa entre os candidatos”, afirma o professor daUTFPR Marcos Rambalducci. (Fonte: Gazeta do Povo)
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