ByronQueiroz, ex-presidente do Banco do Nordeste (BNB), que faleceu no último sábadoe foi enterrado ontem, no cemitério Parque da Paz, teve uma vida marcada porimportantes cargos no setores público e privado, e por situações polêmicas,especialmente a que se refere a sua gestão na presidência do banco (1995-2002).Com atitudes polêmicas, foi admirado por grandes empresários pelo suacapacidade de gerir estrategicamente, mas causou revolta em muitos funcionáriosdo BNB, por extinguir funções e benefícios.
“Eledirigiu o BNB como se fosse um banco privado e, com isso, contrariou interessesde pessoas que viam o banco como um banco público”, afirmou o advogado NeuzemarGomes.
Quandoassumiu, de 1995 a 2002, a presidência do BNB, Byron Queiroz causoucontrovérsias por seu jeito de administrar.
Dentreas decisões polêmicas do executivo em 1997, esteve o aumento da contribuiçãodos aposentados do BNB de 20% para 35%, a demissão de funcionários e a troca doPlano de Cargos e Salários (PCS) por uma política salarial apoiada nodesempenho. As mudanças geraram revoltas, processos na Justiça e vários embatesentre funcionários e a direção do Banco.
Duranteo enterro, a família de Byron Queiroz preferiu não se pronunciar sobre o legadodele e não permitiu que O POVO colhesse depoimentos dos presentes ou fizesseregistros, por meio de fotos, do sepultamento.
Histórico
Nascidoem Iracema, a 278,2 km de Fortaleza, Byron Queiroz morreu aos 66 anos, devido acomplicações decorrentes de uma úlcera. Formado em Administração de Empresaspela Universidade Estadual do Ceará (Uece), Byron era empresário do setorAgropecuário.
Noramo empresarial exerceu, entre 1978 e 1987, a vice-presidência do CentroIndustrial do Ceará (CIC). Também foi secretário de Planejamento e de Governodo Estado do Ceará no Governo de Tasso Jereissati (1987-1991), além de ter sidotitular da Secretaria da Fazenda do Ceará na gestão de Ciro Gomes, em 1991.
Em2002, recebeu da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), a Medalhado Mérito Industrial, sendo agraciado e reconhecido pelo “desempenho eficaz desua gestão na presidência do BNB, e pelo apoio aos projetos do setorindustrial”, segundo destacou a entidade durante a entrega da medalha.
Poroutro lado, também em 2002, Byron Queiroz e mais seis diretores do BNB foramacusados pelo Ministério Público Federal por gestão fraudulenta, omissãocontábil e formação de quadrilha. Além de ter sido apontado pelo órgãojudiciário, em outubro de 2004, por prática de improbidade administrativa aocontratar serviços advocatícios sem licitação pública.
Noano de 2005 a Justiça Federal acolheu pedido da Procuradoria da Republica doCeará e determinou que Byron e os seis diretores tivessem o sigilo bancárioquebrado. Em novembro de 2007, o empresário foi condenado pela Justiça Federala penas de onze a treze anos de reclusão.
E,por fim, em abril de 2009, o Tribunal Regional Federal do Ceará decidiu, porunanimidade, pela absolvição do ex-presidente do BNB e dos ex-diretores dobanco por falta de provas. (Colaborou Janaína Marques)
Cronologia
01/95.Byron Queiroz, 47, é anunciado presidente do BNB pelo então ministro daFazenda, Pedro Malan.
03/95.Na sua posse, Byron afirma que o banco passará por ajustes e “vai se adequaraos novos tempos de Fernando Henrique Cardoso”. Na mesma noite da posse, Malananuncia o fechamento de agências do BNB.
05/95.TCU aponta irregularidades em 457 projetos do Finor, resultando um prejuízo deUS$ 532 milhões.
10/96.Em entrevista ao O POVO, Byron afirma que não há programas de demissões no BNB,mas “quem não quiser trabalhar no banco, que peça as contas. Se não pedir, o bancodemite”.
04/96.Há ameaça de intervenção do BNB pelo Banco Central, devido ao Caso Arisa, quepleiteia que o banco pague uma indenização de R$ 27 milhões. BNB lança o eurobônuse capta US$ 125 milhões.
10/96.União derruba decisão estadual no caso Arisa versus BNB.
06/97.Aposentados se mobilizam e invadem a instituição para negociar o fim dodesconto de 55% nos proventos pela Capef.
11/97.Aposentados entram com ação e exigem o pagamento de R$ R$ 380 milhões à Capef.BNB é alvo da auditoria do TCU para apurar indícios de irregularidade no FNE.
01/98.É lançada a Campanha Fora Byron.
05/00.Byron e o superintendente da Sudene, Marcos Formiga, depõem na CPI do FINOR.
01/02.Deputado João Bosco (PSB), que integra a CPI do BEC, acusa o presidente ByronQueiroz de beneficiar empresários e divulga que o déficit financeiro do BNBatingiria R$ 7 bilhões.
03/02.TCU multa Byron em R$ 21,8 mil por insuficiência de documentação no processo deirregularidade na concessão de créditos.
05/02.Justiça Federal condena Byron por crime de calúnia. MPF move duas ações, compedido de afastamento, contra Byron. Na mesma época, Justiça Federal tornaindisponíveis os bens moveis e imóveis de Byron e outros seis diretores dobanco.
01/03.Byron deixa a presidência do BNB.
02/03.Roberto Smith é anunciado o novo presidente do BNB.

Fonte:Jornal O Povo
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