Como aumento do IPCA (índice oficial de inflação do Brasil) de 0,92% em março,acima das projeções de economistas, ganha espaço no mercado financeiro a apostade que o Banco Central terá de continuar o ciclo de alta do juro básico, a taxaSelic –embora a avaliação não seja unânime.
Desdemarço de 2012, a Selic já subiu nove vezes, do menor patamar histórico de 7,25%ao ano para os atuais 11% ano ano, na última reunião do BC, neste mês.
Parao gerente de câmbio Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, a divulgação dainflação deixou o mercado "preocupado".
"Haviauma expectativa de que o BC encerrasse o aperto monetário e isso mudou, dianteda alta da inflação. Agora, o mercado começa a avaliar a possibilidade de maisaumentos." 
Parao economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, a Selic podesofrer pelo menos mais uma alta de 0,25 ponto percentual, na próxima reunião doCopom (Comitê de Política Monetária), que acontece em 27 e 28 de maio.
DÓLAR
Naavaliação de Pedro Galdi, analista-chefe da SLW Corretora, um novo aumento naSelic pode estimular a entrada de recursos estrangeiros no país, diante daperspectiva de remuneração maior oferecida pelos títulos públicos nacionais,por exemplo, o que contribuiria para uma queda do dólar, já que aumentaria ovolume da moeda no mercado doméstico.
Essemovimento é possível, acrescenta, apesar dos problemas que o país enfrenta, quepreocupam investidores, como inflação em alta, gastos públicos elevados, riscode racionamento e "o próprio risco político" –no cenário de eleiçãopresidencial.
Alémdisso, pesa contra a queda do dólar a recuperação da economia dos EUA, aindaque em ritmo mais modesto que o esperado. Voltando a crescer, o país passa aatrair para si mais investimentos estrangeiros.
Paraeconomistas brasileiros ouvidos pela Folha, porém, a ata do Fed (BC americano)divulgada hoje sobre a última reunião sobre juros, no mês passado, indicou quea autoridade monetária teme que a inflação dos EUA fique abaixo da meta, o quefoi interpretado no mercado financeiro como sinal de que o governo não devesubir o juro básico tão cedo –análise que deixa os títulos públicos americanos,remunerados pela taxa, menos atraentes a investimentos internacionais queaplicações de maior risco, como Bolsas, inclusive a brasileira.
Deacordo com o economista da corretora H.Commcor Waldir Kiel, a ata do Fed dá aentender que o juro dos EUA, hoje praticamente zero, pode permanecer assim porum tempo mais longo.
"Issobeneficia o Brasil, porque, até pouco tempo atrás, apostava-se que os jurosamericanos pudessem subir logo, provocando uma grande saída de capital dosemergentes tumo aos EUA. Aquele pavor que tinham com os emergentes fica umpouco adiado", afirma.
Comoreflexo dessa avaliação da ata do Fed no mercado, as Bolsas dos EUA e da Europasubiram.
DÓLARABAIXO DE R$ 2,20
ParaPerfeito, da Gradual, diante do movimento de capital estrangeiro entrando noBrasil, o dólar pode, em alguns momentos, chegar a uma valor inferior a R$2,20. Essa queda, porém, deve ser pontual e não se sustentar ao longo do ano.
Hoje,o dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou em alta de 0,64%cotado a R$ 2,214, depois de três sessões seguidas em queda. E o comercial,usado no comércio exterior, fechou em queda de 0,27%, cotado a R$ 2,197.
Nomercado de ações, o Ibovespa, principal índice, fechou em queda de 0,86% em51.185 pontos.
Asações mais negociadas da Eletrobras estavam entre as maiores as baixas, comdesvalorização de 6,94%. As da Eletropaulo caíram 2,55%. Pesam contra os papéisdas empresas do setor elétrico hoje, segundo analistas, o risco de racionamento.
CONTRAPONTOSOBRE JUROS
HamiltonMoreira Alves, analista sênior do BB Investimentos, está entre os que nãoapostam ainda em novas altas da Selic agora, apesar do aumento do IPCA demarço.

"Parahaver um novo ajuste do juro básico, devem ser analisados outros indicadoreseconômicos, como a produção industrial e o IPCA de maio, que será divulgadoantes da reunião do Copom.". (Fonte: Folha.com)
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