Nocurto de espaço de dez segundos em que você ler esta frase, cerca de 2.950operações com cartões de crédito e débito terão sido efetuadas pelosbrasileiros. Ao final de um minuto, serão 17.694 transações realizadas, númerosque impressionam e que não param de crescer.
Deacordo com a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito eServiços (Abecs), a alta no volume de transações em 2013 chegou a 9,3 bilhõesde operações, das quais 4,5 bilhões com o cartão de crédito e 4,8 bilhões com ode débito, crescimento de 11,6% em relação a 2012. O montante transacionadoalcançou R$ 853 bilhões e a perspectiva é que atinja R$ 1 trilhão este ano, oque vai representar uma alta de 17,1%.
"Oritmo de consumo não vem sendo afetado no primeiro trimestre e a tendência demudança de hábitos quanto aos meios de pagamento é irreversível", afirmaMarcelo Noronha, presidente da Abecs. Na média de 2013, os cartõesrepresentaram 28% do consumo das famílias brasileiras, sendo que em 2008 oíndice era de 18%. Porém, no último trimestre, considerado o mais forte dovarejo em função das festas natalinas e de Ano Novo, a participação dos meioseletrônicos superou 30%, fato inédito na história.
Noronhadestaca ainda o fenômeno cada vez mais comum das compras não presenciaisefetuadas por meio da internet, o que demonstra uma paulatina quebra deresistência do brasileiro com o modelo de e-commerce.
Noano passado, o volume de transações chegou a R$ 94,3 bilhões, alta de 19,5%ante o ano anterior. Em 2011, para efeito comparativo, o montante foi de R$ 65bilhões. "O brasileiro tem se adaptado cada vez mais à tecnologia. Hoje, onosso parque tecnológico em cartões com chips supera até mesmo os EstadosUnidos", afirma o executivo.
Hoje,segundo dados da Abecs e do Instituto DataFolha, 76% dos brasileiros possuemalgum tipo de cartão, incluídos os de loja. A expansão veio em função daascensão das classes emergentes e a consequente bancarização, principalmentenos centros urbanos. A pesquisa apontou ainda o uso do cartão nas classes A e B(90%) e na faixa com nível superior de escolaridade (93%), principalmente entre25 e 44 anos (82%). É presente em 70% dos integrantes da classe C e em 42%junto aos segmentos D e E.
Paraatender esta demanda, há hoje cerca de 3,8 milhões de terminais de captura (aschamadas maquininhas), modalidade ainda hoje alvo de críticas por parte dovarejo devido às suas taxas de desconto. Mas que, segundo a Abecs, estão emtendência de queda.
Nocaso dos cartões de débito, a taxa média em 2013 ficou em 1,56% sendo que em2009 girava na faixa de 1,61%; para os cartões de crédito o índice ficou em2,76%, mas já bateu em quase 3% em 2008. "A queda é decorrência de maiorcompetição no setor", diz Noronha, sobre o mercado ainda dominado pelasempresas Cielo e Rede (ex-Redecard).
Coma disseminação do uso do cartão, meios tradicionais como dinheiro, cheque eboleto perdem espaço. O mais resistente é o dinheiro, principalmente emoperações de baixo valor. Desde 2008, vem ocorrendo uma redução no volume decheques compensados. Segundo o Banco Central, naquele ano passaram pelacompensação 1,39 bilhão de cheques; no ano passado, foram 838 milhões. ParaNoronha, esta diferença deve se ampliar nos próximos anos, na medida em quesetores ainda pouco explorados, como os de Saúde e Educação, adotem o uso do cartãocomo forma de pagamento.
Namedida em que se expande o uso do cartão, o setor tem percebido umamadurecimento por parte do consumidor, que cada vez mais utiliza de formaconsciente seu meio de pagamento. O índice de inadimplência no cartão decrédito, que chegou a 8,9% no segundo semestre de 2011, fechou 2013 em 6,4%,segundo a Abecs.

Parao economista Fernando Cosenza, diretor da Boa Vista Serviços, houve um processode amadurecimento nas duas pontas do mercado. Do lado dos emissores, houvemaior rigor no campo regulatório. E o cliente, por sua vez, passou a agir deforma mais racional e hoje concentra suas compras em um único cartão, evitandogastos com taxas e anuidades. (Fonte: Valor Econômico)
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