Ostrês maiores bancos privados do país, Bradesco, Santander e Itaú, inauguraram atemporada de divulgação de balanços das instituições financeiras deste ano comuma mostra de cifras perversas. Dados de janeiro a março revelam que o lucrolíquido dos três bancos somou R$ 9,43 bilhões, representando crescimento de 18%em relação ao mesmo período de 2013. Enquanto isso, a eliminação de postos detrabalho feita conjuntamente pelos três aumentou 46% no primeiro trimestre, emcomparação com igual período do ano passado.
Cortes
Osgigantescos lucros contradizem o retorno em termos de emprego e atendimento àpopulação. Somente de janeiro a março, o Bradesco cortou 944 postos detrabalho, totalizando menos 3,25 mil empregos nos últimos 12 meses. O Itaúfechou 733 vagas, extinguindo 2,76 mil postos, em um ano. O Santander não ficouatrás: na ânsia por lucros, acabou com 970 vagas, o que resultou na redução de4,83 mil empregos, nos últimos 12 meses.
Injustiça
Pertodos lucros, a renda total que vai para o trabalhador bancário é pouca. Bastaver que Bradesco, Itaú e Santander arrecadaram R$ 13,97 bilhões só com receitasde prestação de serviços e tarifas – que são secundárias para os ganhos dasinstituições bancárias – de janeiro a março. Esse valor sozinho daria paracobrir, no trimestre, em média 157% de todas as despesas de pessoal, ou seja,mais do que todo o valor destinado aos trabalhadores, que são fundamentais parao funcionamento dos negócios.
Alémdisso, nos últimos 12 meses, as despesas com pessoal dos três bancos cresceram4,3%, um índice bem abaixo dos reajustes conquistados pela categoria bancáriaem 2013.
Insatisfação
Comofaltam funcionários nas agências, as condições de trabalho são afetadas porsobrecarga de serviço e metas abusivas. Assim, a população é atingida.
Segundopesquisa sobre a América Latina, realizada pela consultoria EY, 43% dosbrasileiros tiveram que procurar seu banco no último ano para resolver algumproblema, perdendo só para os chilenos. A insatisfação com as soluções tambémestá acima da média mundial, segundo levantamento.
“Pelotamanho dos lucros e pelo número de postos de trabalho eliminados, comconsequências para os bancários, cada vez mais adoentados por metas abusivas eassédio moral, estamos diante de uma situação absurda, que não pode seraceita”, afirma a presidenta do Sindicato dos Bancários e São Paulo, JuvandiaMoreira.
“Osbancos estão na contramão da economia brasileira e têm de dar contribuiçãomaior por meio da geração de mais postos de trabalho e diminuindo as taxascobradas da população”, diz a dirigente, ao se referir aos aumentos dos níveisde emprego observados no país em outros setores nos últimos anos.

“Alémda redução de juros para permitir a geração de renda e emprego, reafirmamos anecessidade de se ratificar a Convenção 158 da Organização Internacional doTrabalho, que inibe a demissão imotivada do trabalhador, uma importantebandeira do movimento sindical”, explica Juvandia. “A balança precisa pesarpara o lado do trabalhador e vamos lutar para isso.” (Fonte:SEEB SP)
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