Simulaçõespreliminares apresentadas a investidores pelos maiores bancos do país mostramque Banco do Brasil (BB), Bradesco, Itaú Unibanco e, principalmente, a CaixaEconômica Federal terão de adotar ações para reforçar seus níveis decapitalização.
Sea totalidade das normas de Basileia 3 já estivesse vigente hoje, só o Santanderse encontraria em um patamar bastante confortável, com 16,4% de capital denível 1, aquele de melhor qualidade. Os demais bancos não alcançariam o teto domínimo de capital que pode vir a ser demandado.
Em2019, o Banco Central (BC) exigirá que os bancos tenham um mínimo entre 8,5% e11% de seus ativos em capital de nível 1, aquele composto por recursos dosacionistas, lucros retidos e alguns tipos de dívida que não oferecem muitosprivilégios aos credores.
Parasuportar eventuais turbulências ou plano de expansão, dois bancos de grandeporte relataram ao Valor que querem alcançar um patamar de capital de nível 1entre 1 e 1,5 ponto percentual acima do mínimo requerido. Hoje, mais branda, aregra demanda 5,5% dos ativos em capital de nível 1.
Diantedo tempo de adequação que os bancos têm, a situação está longe de sercatastrófica. Mas estratégias já são elaboradas e postas em prática. Vendas denegócios, redução de dividendos e captação de dívidas são opções.
Alémdisso, recursos que já estão dentro de casa também podem fortalecer o capital.Os bancos contam com um bilionário colchão extra de provisão para créditos demá qualidade. Como esse dinheiro ultrapassa o volume mínimo exigido pelo BC, asinstituições podem reverter essas provisões. Transformados em lucro, essesrecursos voltam para o patrimônio. O maior colchão pertence ao Itaú, cujasprovisões adicionais somam R$ 5,2 bilhões, enquanto a Caixa não conta com essetipo de ativo.
Osbancos chegaram a discutir com o BC a contabilização desses recursos no índicede Basileia sem a necessidade de desfazer as provisões, mas a autoridade nãopermitiu, para evitar que as normas brasileiras tivessem"jabuticabas".
Bastantecomum no exterior, a venda de carteiras de crédito para investidores deve seroutro recurso. A chamada securitização de ativos bancários ainda é incipienteno Brasil, principalmente, porque antes de Basileia 3, os bancos tinham folganos balanços para reter os empréstimos. Dois bancos afirmaram ao Valor quedevem vender suas operações como forma de abrir folga de capital para gerarnovas transações.
OBB já informou que estuda uma redução do percentual do lucro distribuído. Aoreter mais lucro, o banco reforça o capital. Hoje o BB paga aos acionistas 40%do resultado. É um patamar acima dos 35% de Bradesco e Itaú, que não pretendemmexer nos dividendos.
Medidasemelhante à do BB será tomada pela Caixa, que reduzirá o dividendo entregue aoTesouro, para algo entre 40% e 50% do lucro. No ano passado, destinou 70%.
"Nãotem nenhum problema de necessidade de capital para este ano. Para 2015, vaidepender de como vai ser nosso planejamento", diz Márcio Percival,vice-presidente da Caixa. Questionado sobre um novo aporte do Tesouro no bancoem 2015, o executivo afirmou que a Caixa ainda está em fase de avaliação dasmedidas que tomará.
Vendasde ativos começam a surgir. O Itaú quer vender sua seguradora de grandesriscos.
Parafortalecer o nível 1, os bancos também emitirão mais dívidas conversíveis emcapital, os chamados "CoCo bonds" ("Contingent Convertiblebonds"). Esses novos títulos permitem aos bancos levantar recursoselegíveis a compor seu capital dentro de Basileia 3. Por enquanto, apenas BB eSantander testaram o instrumento, mas todos os grandes bancos devem acessaresse mercado em breve.
Umempurrão fundamental para o reforço de capital virá do próprio negócio. Quantomais rentáveis os bancos forem, menor será a necessidade de encontrar outrasalternativas para se capitalizar. O lucro retornará naturalmente para ocapital.

"Arentabilidade de Itaú e Bradesco neste ano e em 2015 deve ser alta. Isso maisdo que compensa o consumo de capital vindo da expansão do crédito", dizCarlos Macedo, analista do Goldman Sachs. No primeiro trimestre, o retornosobre o patrimônio do Itaú ficou em 22,6%, e o do Bradesco, em 20,5%. (Fonte:Valor Econômico)
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