Apósum 2012 com descasamento entre receita e despesa, as operadoras de planosmédicos e odontológicos conseguiram bons reajustes de preço e controlaram seuscustos no ano passado. O resultado foi um aumento de 25,28% no lucro bruto.Trata-se do melhor desempenho desde 2010 para o setor, que apurou receita de R$108 bilhões no ano passado.
"Asoperadoras fizeram uma revisão nos contratos empresariais e conseguiram umamelhor negociação. O aumento da receita foi bem maior do que o número devidas", destacou André Longo, presidente da Agência Nacional de SaúdeSuplementar (ANS). O faturamento das 922 operadoras de convênios médicosaumentou 16%, enquanto o número de usuários cresceu 4,59%.
Comisso, o ano passado terminou com 50,3 milhões de pessoas com planos de saúde. Oaumento de 4,59% veio acima do projetado pelo mercado, que trabalhava compercentuais próximos aoverificado nos dois anos anteriores, que variaram de2,96% a 3,61%. Havia uma expectativa menos otimista devido ao cenáriomacroeconômico, uma vez que quanto maior a geração de empregos formais, maior éo número de trabalhadores com o benefício do convênio médico. Em 2013, aquantidade de novas carteiras de trabalho assinadas no país recuou 14,1%,segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
"Aalta de 4,59% no número de vidas foi puxada pelo segmento corporativo, emespecial pequenas e médias empresas que passaram a oferecer o plano de saúdeaos seus empregados", disse o presidente da ANS. Na seguradora SulAmérica,por exemplo, a receita proveniente dos convênios médicos vendidos às pequenas emédias empresas avançou 25,4%. Já entre as grandes companhias, o percentual foide 15%.
Alémde conquistar mais clientes e aumentar o tíquete médio, as operadorasconseguiram que a variação da despesa fosse inferior à do faturamento. Uma dasmaiores queixas do setor era o descasamento entre receita e custos médicos. Asinistralidade, que mede a relação entre esses dois indicadores, fechou o anopassado em 83,7%, uma queda de 1,2 ponto percentual. Para efeito de comparação,entre 2011 e 2012, a sinistralidade aumentou 2,5 ponto percentual, causando umaqueda no lucro bruto de 3,3% em 2012.
Opresidente da ANS destacou que os dados de 2012 foram impactados negativamenteporque várias seguradoras de saúde fizeram provisões assistenciais pontuais,que foram contabilizadas como despesa, o que fez a sinistralidade disparar para90,1%. No ano passado, a taxa de sinistralidade das seguradoras caiu para 81,6%,patamar padrão do segmento.
Porém,o bom desempenho operacional não se refletiu necessariamente em lucro líquidomaior para todas as operadoras. Isso porque há impactos de provisões, resultadofinanceiro e despesas administrativas. As duas maiores empresas do setortiveram desempenhos distintos por conta de reservas obrigatórias e resultadofinanceiro.
AAmil, com 6 milhões de usuários de planos de saúde e dental, apurou prejuízo deR$ 43,5 milhões no ano passado ante um lucro líquido de R$ 82,1 milhões em2012. O resultado final da Amil foi influenciado pelas despesas financeiras eprovisões que praticamente triplicaram. Já a Bradesco Saúde, que tem 4 milhõesde beneficiários de seguro saúde, viu seu lucro líquido crescer 6,2% para R$636 milhões e a receita líquida avançar 23,7% para R$ 12 bilhões no ano passado.
"Quantoao resultado final, o que se vê é que a maioria das grandes operadoras realizoulucro. Já as pequenas e médias não conseguem diluir despesas administrativas eoutros custos", disse Longo. Entre os convênios médicos com mais de 100mil usuários, as despesas administrativas equivalem a 23% da receita. Mas entreas pequenas operadoras, com até 20 mil clientes, essa despesa chega arepresentar metade do faturamento e entre as empresas de porte médio, essepercentual é de 38%.
Jáentre as operadoras de planos odontológicos, o crescimento da receita foi omenor nos últimos dez anos. Entretanto, as 346 empresas dentais reduziram asdespesas com procedimentos odontológicos em 0,9% no ano passado. Dessa forma, olucro bruto foi a R$ 1,3 bilhão, alta de 12,61% em relação a 2012.
AOdontoPrev, maior operadora dental com 6,1 milhões de clientes, fechou o anopassado com lucro líquido R$ 188 milhões, avanço de 29,2%. A receita líquida dacompanhia, cujo maior acionista é a Bradesco, subiu 12% para R$ 1 bilhão.
Dos50,2 milhões de usuários de planos de saúde, 63% são do Sudeste, com destaquepara São Paulo, onde há 19 milhões de pessoas com convênios. Essa concentraçãoocorre por conta do forte mercado de trabalho na praça paulista.
Cercade 65% dos planos médicos são empresariais, aqueles concedidos como benefíciopelas empresas contratantes aos seus funcionários. Apenas 20% são individuais,segmento que vem encolhendo. As operadoras vem deixando de trabalhar com essamodalidade, já que os reajustes de preço são regulados pela ANS. Nos planoscorporativos, vale a livre negociação entre empresas e operadoras.

Asregiões Sul e Nordeste representam 13,5%, cada, do total de usuários de planos.Depois vêm Centro-Oeste e Norte, com fatias de 5,57% e 3,5%, respectivamente.(Fonte: Valor Econômico)
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