Em20 anos, desde o Plano Real, o salário mínimo do trabalhador brasileiro subiu1.019,2%. Porém, se descontada a inflação do período, a alta se reduz a 146%,segundo pesquisa do Instituto Assaf. De acordo com o estudo, houve aumento realdo poder de compra dos salários, mesmo com a inflação corroendo boa parte dosreajustes.
Noperíodo, o salário mínimo passou de R$ 64,79 em 1994 para R$ 724 nos diasatuais. O Plano Real completa 20 anos no dia 1º de julho.
"Apesquisa mostrou que o plano trouxe aumento de poder aquisitivo da populaçãocomo um todo. O aumento médio efetivo foi de 12,18% por reajuste", calculao pesquisador do Instituto Assaf, Fabiano Guasti Lima.
Apesarde o plano ter reduzido a inflação para patamares menores, o Índice de Preçosao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou em 20 anos, até março, alta de 354,74%. "Aoanalisar os números concluímos que o aumento real do salário mínimo, aquele queficou acima da inflação, foi de 4,6% ao ano", avalia o professor e diretordo instituto, Alexandre Assaf Neto.
Dentrodo IPCA, alguns grupos pesaram mais que outros na alta dos preços, conformeexplica o economista da consultoria LCA, Étore Sanchez. "O grupoHabitação, influenciado pelo aluguel residencial, foi o que mais subiu",afirma Sanchez.
Nototal, o grupo acumulou alta de 654,87% desde 1994, sendo que o aluguel avançou868%. O aumento do aluguel foi maior inclusive que os 503% do próprio ÍndiceGeral de Preços de Mercado (IGP-M), que corrige os contratos de locação."Atualmente, habitação é o terceiro maior grupo, representando 14% doIPCA. Tem um peso considerável na inflação", pondera o economista.
Nosdados de inflação, foram considerados apenas seis grupos: alimentação ebebidas, habitação, vestuário, saúde e cuidados pessoais, artigos de residênciae despesas pessoais. Os outros dois grupos da atual composição do IPCA -educação e transporte - não existiam no início da série em 1994, não sendopossível calcular a inflação acumulada no período.
Comose proteger. Para se proteger contra a alta dos preços no longo prazo,especialistas citam pelo menos cinco opções de investimento, que devem serescolhidas de acordo com o valor disponível, o tempo que o investidor planejaaplicar e até o risco. A primeira delas, a mais comum entre pequenosinvestidores, é o Tesouro Direto. Após realizar um cadastro em alguma corretora,é possível investir em títulos públicos atrelados ao IPCA - as Notas do TesouroNacional Série B (NTN-B) e Série B Principal (NTN-B Principal). Tais títulospagam um juro fixo, atualmente entre 5% e 6% ao ano, mais a variação dainflação no período.
Opreço dos títulos varia entre R$ 704 e R$ 2.479, segundo a oferta de papéisdisponível no site do Tesouro na última sexta-feira. Para aplicar, no entanto,o valor mínimo é menor. O investidor pode comprar frações de 10% do título,sendo necessário assim uma quantia a partir de R$ 70. Se for uma compraprogramada (operações agendadas nas plataformas de home broker das corretoras),a fração cai para 1%, mas por regra a aplicação mínima deve ser de R$ 30.
Ostítulos de inflação são voltados para o longo prazo, sendo indicados inclusivecomo reserva para a aposentadoria. O mais curto vence em 2019 e o mais longo,em 2050.
Seo investidor não tem necessidade de uma renda extra e quer apenas proteger opatrimônio, a NTN-B Principal é mais indicada, por pagar o juro e o valorprincipal investido na data do vencimento do papel. A NTN-B paga jurossemestralmente, enquanto o valor principal só é recebido pelo investidor novencimento.
Alémdas NTN-Bs, especialistas citam como alternativa contra a inflação os títulosprivados, como as debêntures, atrelados a algum índice de preços. Nas emissõesde menor valor, como as do BNDESPar, foi possível aplicar R$ 1 mil.
"Háainda os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), títulos de renda fixade operações de crédito imobiliário que podem ser atrelados à inflação",afirma o estrategista da Rio Bravo, Beto Domenici. O investimento é voltadopara grandes investidores, pois a aplicação inicial começa em R$ 300 mil.
Maisacessíveis, os fundos imobiliários também são lembrados. "Há todo tipo defundo imobiliário no mercado, mas para proteger o patrimônio é interessanteoptar por algum atrelado ao pagamento de aluguéis. Se a inflação subir, o IGP-Mcorrige o aluguel e o investimento fica protegido", diz Domenici.
Háfundos cujas cotas podem ser compradas na BM&FBovespa, como uma ação,bastando para isso ser cadastrado em uma corretora. Por menos de R$ 100, já existemalgumas opções de fundos.

Porúltimo, há o próprio investimento em ações, o mais arriscado dentre as opçõescitadas. "Não é uma via direta, mas no longo prazo teoricamente as açõesfuncionam na proteção contra inflação. Se os custos dos produtos e insumossobem, as boas empresas tendem a corrigir seus preços, o que se reflete nareceita, no lucro e na própria cotação da ação", analisa o estrategista.(Fonte: Estadão)
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