Em meio à polêmicasobre os ganhos dos bancos com os planos econômicos, o governo calcula que omontante chegaria a R$ 26 bilhões, quantia muito inferior à estimada peloMinistério Público Federal.
O número foiapresentado nesta quarta-feira (28) pelo advogado-geral da União, Luís InácioAdams. Segundo o ministro, o valor de R$ 441 bilhões apresentado pelo MPF foiresultado de um equívoco, uma "sobreposição " de informações quepotencializou os valores.
A contestação do dadofoi o que motivou o adiamento do julgamento dos planos econômicos e asconsequentes perdas na caderneta de poupança, marcado para ser retomado hoje,no STF (Supremo Tribunal Federal).
O governo mantém aestimativa de impacto econômico caso o STF decida a favor dos poupadores.Estima-se que os bancos terão de pagar até R$ 341 bilhões aos poupadores,número contestado pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), queavalia impacto de aproximadamente R$ 8 bilhões.
"O grandeelemento de argumento dos poupadores é que os bancos têm um colchão parasustentar a perda. Não é verdade. Não teve essa lucratividade com o planoeconômico como se apresentou", afirmou a jornalistas, após a decisão doSTF de adiar o julgamento.
"Queremos que adecisão possa ser tomada com tranquilidade, com a percepção clara do Supremo doseu impacto, para que o Supremo possa também, verificada a dimensão maisprecisa, tomar decisões que neutralizem o prejuízo econômico de hoje. Sãodecisões de 30 anos atrás que estão afetando o Brasil de hoje", afirmouAdams.
"O Brasil dehoje não é o Brasil de 30 anos atrás. Não queremos que o Brasil de hoje sejaprejudicado por algo que aconteceu 30 anos atrás. O dano lá atrás já aconteceu,hoje precisamos manter o que conquistamos", continuou.
Segundo oprocurador-geral do Banco Central, Isaac Ferreira, o próximo passo do governoserá aguardar a manifestação do Ministério Público com os dadosredimensionados.
"O importante éque aproveitemos o momento para que as estimativas de impacto sejam bemdimensionadas, e os ganhos dos bancos também sejam esclarecidos", afirmouFerreira.
O advogado do Idec,Walter Moura, criticou a decisão do Supremo. "Essa estratégia de adiamentofere o direito do idoso. Vamos pedir para que esse julgamento não seja suspenso,barrado pelos bancos."
Eleições
Adams afirmou que oadiamento não é uma questão eleitoral, e sim uma questão de Estado.
"A questãoespecífica do ano eleitoral tem a ver apenas com o fato de, se houvernecessidade de o Estado adotar alguma medida para estabilizar o sistema, é maisadequado que se faça num momento não eleitoral, com o Congresso já eleito, paratomar com plenas condições qualquer decisão, por mais difícil que seja",disse.
Entre as medidas quepodem vir em consequência da decisão estão a alta de tributos, como afirmouIsaac Ferreira à Folha.
Audiênciapública
O Banco Central e aUnião pediram ainda a realização de audiência pública para discutir o assuntocom especialistas. Advogados das partes não estariam autorizados a participarda audiência. O pedido ainda não foi analisado pelos ministros do Supremo.
Para Walter Moura, aaudiência pública é um "absurdo", para debater um fato ocorrido há 25anos.

Fonte: Folha.com
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