Éum ritmo menor até do que o visto na crise financeira em 2009, quando chegou aavançar 14,6% em novembro. Mesmo o financiamento habitacional e o consignado,que sustentam o avanço do crédito, flagraram a falta de procura e fecharamabril com importante desaceleração. Os spreads, por outro lado, cresceram, emespecial na pessoa física.
Ocrédito imobiliário avançou, no acumulado 12 meses encerrados em abril 30,67%,a maior taxa entre todas as modalidades. No começo do ano, porém, o ritmomaior, de 33,05%. Em abril de 2013, a velocidade era de 34,52% ao ano. Osempréstimos consignados para servidores públicos seguiram na mesma linha. Emabril, cresceram 15,37%, depois de avançar 17,59% em janeiro e 18,81% um anoantes.
"Oconsignado vai continuar crescendo neste ano, mas mesmo esse avanço tem limite",afirma o diretor de empréstimos e financiamentos do Banco do Brasil (BB), EdmarCasalatina. "Havia uma demanda represada por bens duráveis no país que jáfoi atendida e que tinha impacto na procura por consignado. Agora essa demandavai se normalizar", afirma o executivo. O mesmo fenômeno explica por queas demais modalidades de crédito pessoa física, como financiamento de veículose parcelado sem juros no cartão, tiveram desempenhos fracos em abril.
ParaCasalatina, o "repasse técnico" da alta da taxa básica de juros parao crédito foi feito em quase todas as modalidades, sendo o consignado uma dasexceções. Na média, as taxas de juros das operações de crédito subiram 2,6pontos percentuais em 12 meses, para 21,1%, embora tenham ficado estáveis na margem.
Paraeconomistas, o desempenho dos empréstimos nos quatro primeiros meses do ano põeem xeque a projeção do BC de avanço de 13% do estoque em 2014. "Omovimento de abril surpreendeu negativamente, em especial nos recursos livres.Estávamos esperando que esses empréstimos crescessem um pouco, e nãoaconteceu", diz Mariana Oliveira, economista da Tendências Consultoria.Para o fim do ano, a casa projeta um avanço de 12,1% no estoque.
Navisão de Mariana, o avanço da taxa básica de juros nos últimos 12 meses deixouo crédito mais caro, ao passo que os prazos das operações passaram a crescermenos. "Se as condições de crédito estão piores, a demanda fica piortambém", diz.
Seos volumes de crédito desapontam, abril trouxe boas notícias para os bancos noaumento dos spreads das operações de crédito. Em abril, os spreads dasoperações de crédito subiram 20 pontos base na comparação mensal, sendo que naslinhas de pessoa física, o avanço foi de 30 pontos base. Mais impressionanteainda, se dentro da pessoa física considerarmos apenas os recursos livres(excluindo, portanto, o crédito imobiliário), o avanço dos spreads foi de 60pontos base no mês.
"Acreditamosque a tendência de spreads mais altos para o crédito deve ser um importantepropulsor dos ganhos para bancos brasileiros", afirma o Credit Suisse, emrelatório. Para os analistas do banco suíço, o avanço dos spreads vai continuarem 2014 e pode seguir também em 2015.
Parao economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, aestabilidade nos índices de endividamento das famílias sugere que a demanda porcrédito não tem espaço para aumentar nos próximos meses. Em relatório, oeconomista afirmou que "taxas de crescimento anuais na casa dos 13% nãoparecem ser sustentáveis até o fim de 2014."
Háaté quem considere rever as projeções de crédito para o ano depois do resultadodos primeiros meses. É o caso da LCA, que trabalha com a perspectiva de que osaldo de empréstimos avance 13,5% neste ano. "Hoje o viés é de baixa. Ocrédito imobiliário começa a sinalizar perda de fôlego, que em parte écompensada pelo crédito rural", afirma Wermeson França, economista dacasa. Na visão dele, as manifestações ocorrendo graças à Copa do Mundo derrubama confiança dos agentes na economia. "Passada a Copa, esse ambiente podemelhorar."
ABoa Vista Serviços, que administra cadastro de devedores com nome sujo, tambémconsidera revisar a estimativa de 13% de avanço no crédito para 2014."Houve uma diminuição do crescimento do crédito menor do que a esperada,mas os fundamentos se mantiveram", afirma Flávio Calife, economista dainstituição. "Se há menor disposição para consumir, há menor demanda porcrédito. O lado positivo é que a qualidade do crédito está estável",afirma.
"Enquantosustentáculo do consumo, o crédito não deverá prover grandes ajudas adicionaisao longo deste ano", afirma a Rosenberg Consultores Associados, emrelatório assinado pela economista Thais Zara. "A tendência para ainadimplência é ainda benéfica, mas esta continua sendo a única boa notícia",escreve, apontando o desempenho fraco do setor de serviços neste ano e a faltade dinamismo do mercado de trabalho como as causas do crédito mais fraco.

"Haviauma expectativa de que o segundo trimestre fosse um dos melhores do ano, o quenão aconteceu a julgar pelo crédito", afirma Nicola Tingas, economista daassociação que reúne as financeiras (Acrefi). Assim como a LCA, ele espera queno segundo semestre, passada a Copa e com uma definição mais clara sobre aeleição, exista uma possibilidade de avanço maior do crédito. (Fonte: ValorEconômico)
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