Oartigo abaixo é de autoria da juíza do trabalho Andréa Saint Pastous Nocchi(foto), gestora nacional do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil doConselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) e do Tribunal Superior doTrabalho (TST). Foi publicado originalmente no jornal Zero Hora, de Porto Alegre,nesta quarta-feira (4).
Quandoo Brasil entrar em campo em 12 de junho, já estará perdendo de goleada. Nessejogo, o adversário é de difícil marcação. Sua força está em roubar infâncias,alegrias e as chances de educação de milhares de crianças. O trabalho infantiltem sido um rival, até aqui, vencedor. Inviabiliza um futuro de vitórias,causando perdas de vidas e de saúde de crianças e adolescentes.
Aregra é clara na nossa Constituição: criança não trabalha, tem prioridade detratamento, cuidado e proteção integral, da família, da sociedade e, principalmente,do Estado. O adversário, entretanto, não respeita leis. Aposta na impunidadepara fazer valer suas próprias regras.
Quandonão tem Copa, 12 de junho é lembrado, mundialmente, como o dia contra otrabalho infantil. É dia de lembrar a existência do adversário e a necessidade deunir forças para combatê-lo.
Nopróximo dia 12, as atenções estarão voltadas para a abertura da Copa. No mesmoinstante, milhares de crianças estarão quebrando pedras, cortando cana,trabalhando como babás, nas feiras, nas ruas, vendendo balas. Perdendo ainfância, a oportunidade de jogar futebol, de brincar de roda, de boneca.Sustentando suas famílias, ajudando seus pais, sacrificando suas vidas paratentar ganhar o jogo e driblar o futuro que se inviabiliza diante dos olhos.Quando o jogo terminar, independentemente do resultado, o Brasil sairáderrotado, porque elas continuarão trabalhando.
Osnúmeros do trabalho infantil no Brasil são de muitos estádios lotados. Cerca de3,5 milhões de crianças e jovens entre cinco e 17 anos. Uma vergonha muitomaior do que as obras inacabadas. O legado, para essas crianças, será ainexistência de legado. Quando o Estado, a sociedade e a família não cumpremseu dever, o que sobra é a falta: de futuro, de educação, do necessário tempoda infância.

Seas regras exigem um jogo limpo e o cartão vermelho é dado para quem não asrespeita, todos nós temos que ser os árbitros desta partida e erguer o cartãovermelho para o trabalho infantil. (Fonte: TST)
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