Osetor bancário ignora o fraco desempenho geral da ações listadas na Bolsa deValores de São Paulo (Bovespa) neste ano e tem a maior alta entre os índicessetoriais que formam o Ibovespa. O Índice Financeiro, que inclui papéis debancos e seguradoras, avançou 21,82% em 2014 até sexta-feira. Enquanto isso, aBolsa acumula alta de 6,41% no período, ritmo de avanço pouco superior ao doCDI (4,5%), que baliza as aplicações de renda fixa.
Aevolução do segmento pode ser explicada em partes pelo resultado dos balançospositivos das instituições financeiras no primeiro trimestre. Em relação aosprimeiros três meses do ano passado, os lucros dos dois maiores bancos privadosbrasileiros, Itaú e Bradesco, registraram ganhos de 27% e 18%, respectivamente.
Sãoresultados bem superiores aos observados durante o ano passado. "Todostiveram perspectiva de redução dos ativos em carteira, mas também houve quedanas despesas com devedores duvidosos", explica o economista-chefe da TOV,Pedro Paulo Silveira. O Banco do Brasil também registrou alta, mas menosexpressiva: 4,7%.
OSantander foge da explicação geral. Já disparou mais de 30% neste ano, apesarda baixa de 14,9% no lucro do primeiro trimestre. Nesse caso, influi positivamentea informação de que seu controlador espanhol pretende adquirir cerca de 25% docapital da unidade brasileira, em oferta voluntária feita inclusive aosacionistas minoritários da empresa. Foi oferecido prêmio de 20% sobre o preçode fechamento das ações no dia 28 de abril.
Maso Santander já subiu o que tinha de subir, avalia o responsável pela área deestratégias da Rico, Roberto Indech. "A tendência é de estabilidade até aassembleia geral de acionistas, em outubro". Para Itaú e Bradesco, a perspectivaé boa, sobretudo pela gestão eficiente dos bancos, diz o especialista.
Deacordo com os cálculos da AE Consenso de Ações, serviço da Agência Estado quecoleta perspectivas para as empresas listadas na Bovespa, o preço-alvo para asações units do Santander em 2014 é de R$ 16,74; para as preferenciais do ItaúUnibanco, R$ 39,41; e para as preferenciais do Bradesco, R$ 37,64. "Atendência é continuar gerando valor acima da média do mercado para quem temessas ações na carteira", entende Silveira.
Planoseconômicos. Se entre os bancos privados o ano é bom e a expectativa é de maisvalorização, para os públicos o cenário não parece tão favorável. A discussãosobre a correção da caderneta de poupança durante os planos econômicos dos anos80 e 90 tem impacto mais forte sobre as instituições públicas.
Poupadoresreivindicam na Justiça correção maior para a poupança. No fim de maio, oSupremo Tribunal Federal (STF) adiou mais uma vez a decisão sobre o processo.Está em pauta se a correção aplicada no passado ocorreu dentro da legalidade.Caso percam, o passivo para os bancos pode chegar a R$ 180 bilhões, calculamanalistas.
Sea decisão favorecer os poupadores, a maior parte do passivo, cerca de 50%,ficará com a Caixa Econômica Federal e com o Banco do Brasil, diz Indech."Bradesco e Itaú devem arcar com 10% cada."
Asações do Banco do Brasil, das listadas no Índice Financeiro, são as que menossubiram no ano. Acumulam avanço de 12% até o último fechamento do mercado. NaRico, recomenda-se a manutenção do papel em carteira. Para quem não tem e pensaem contar com as ações, o momento pode ser muito arriscado no curto prazo.
Eleições.Assim como em 2002, ano em que Luiz Inácio Lula da Silva se elegeu àPresidência, o mercado tem sofrido forte influência política. À época, aperspectiva de vitória do então candidato do Partido dos Trabalhadoresafugentava investidores. Agora, a cada queda da presidente Dilma Rousseff naspesquisas de intenções de voto, a Bolsa sobe.
Adecepção no mercado é generalizada por causa das intervenções do governo nosnegócios - diz Eduardo Rezende, diretor da Jardim Botânico Investimento. Osempresários entendem que a capacidade de crescimento econômico depende daquestão política. "E, ao contrário de Lula, Dilma não parece tãoamigável", afirma.
Nestafase de alta volatilidade, potencialmente dissipada em 2015, Rezende sugerecalma. Mesmo com abalos, a melhor aposta para médio e longo prazos está nasempresas mais sólidas.
Fonte:Estadão


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