Emmais uma prova de desumanidade e covardia a diretoria do Bradesco demitiu porjusta causa, no último dia 20 de dezembro, o gerente administrativo WilliamsNascimento e Souza. Com 46 anos, 25 deles no banco, teve esposa e filhasequestradas no dia 11 de novembro. Mantidas em cativeiro, seriam mortas pelosbandidos caso o bancário não entregasse a quantia que estivesse no cofre daagência Pontal do Recreio, onde trabalhava.
Desesperado,Williams atendeu à exigência. Elas dependiam dele para continuarem vivas.Passados alguns minutos, ligou para a gerente-geral, explicando o queacontecera e pedindo que ficasse alerta para ver se a esposa e a filhaapareceriam ali, como os bandidos haviam combinado. "Cheguei à agência,mas como elas não chegavam, entrei em desespero. Desabei em choro. Comecei aimaginar o pior. Só eu sei o que senti. Não quero que aconteça com ninguém.Finalmente, ao meio-dia, elas me ligaram: haviam sido soltas em Piedade.Estavam muito assustadas, mas bem. Pegaram um táxi e combinaram de me encontrarna casa do meu genro", contou.
Demissãopelo correio
Aagência encaminhou Williams ao inspetor de ocorrência do Bradesco, que o levoupara uma delegacia policial em Bonsucesso, determinada pelo banco, fora da áreaonde tudo se passou. Depois de prestar depoimento, foi ver a filha e a esposa.A partir daí, o Bradesco começou a colocar as garras de fora, quase queantecipando o que faria mais à frente com o gerente, muito abalado com osequestro e impossibilitado de voltar ao trabalho.
Desrespeitandoa lei, o Bradesco não emitiu a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT). Foientão que Wiliams procurou a Secretaria de Saúde do Sindicato, que, com odireito garantido pela lei previdenciária, emitiu a CAT.
Deposse do documento, o gerente entrou de licença pelo INSS com estresse pós-traumático."Já vinha fazendo tratamento psiquiátrico. Em função da pressão que sofriano banco estava com os nervos abalados. Entrei de licença. O banco pagou cincodias de tratamento psicológico para mim, minha filha e minha esposa, como se istofosse resolver o trauma, em um passe de mágica", contou.
Empleno período de licença o Bradesco, covardemente, o demitiu. "Recebi nodia 20 de dezembro a demissão por carta em casa, autenticada em cartório. Achoque foi uma covardia, falta de respeito. Me senti sem chão. Tinha passado portoda aquela situação, estava em licença e tratamento e mesmo assim fui demitidoe por justa causa", lembra.
Emação movida pela Secretaria de Assuntos Jurídicos do Sindicato, o bancário foireintegrado em 26 de maio, por decisão da juíza Juliana Ribeiro CastelloBranco, da 53ª Vara do Trabalho. Wiliams e a esposa estão em tratamentopsiquiátrico no Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio deJaneiro (Ipub). "Estava no Bradesco há mais de 25 anos. Esperava outro tratamento.Talvez ser colocado em outro setor, interno, que não tivesse contato direto como público, que resguardasse a minha saúde. Achei muito injusto o que o Bradescofez. Além do mais o banco não perde nada porque está coberto pelo seguro".
Semconsideração
Adiretora do Sindicato Nilza Tavares condenou o Bradesco pela demissão. "Obanqueiro mostrou mais uma vez que não tem a mínima consideração ou preocupaçãocom a vida dos bancários e de sua família", afirmou a sindicalista.Acrescentou que ter ganho a ação foi uma importante vitória, uma resposta atodo este desrespeito. "É um exemplo aos demais bancários, para que,quando estiverem em uma situação semelhante, venham ao Sindicato, recorram enão deixem que o banqueiro fique impune com toda esta desumanidade eilegalidade", aconselhou.
ParaNilza, o correto com um gerente que teve a vida dele e da família colocada emrisco deveria ser o Bradesco usar das prerrogativas que tem. Em vez de demitir,ela defendeu a adaptação da pessoa ao trabalho em outro setor em que nãoestivesse tão exposta. E que o banco se responsabilizasse pelo tratamentopsiquiátrico devido ao choque. Em relação à emissão da CAT, o Bradesco não poderiater se recusado a fazê-lo.

"Foimais um desrespeito. A lei deveria punir com valores bem altos a recusa daemissão", disse. Além disso, afirmou que o banco tem a obrigação deestudar formas de segurança para evitar a repetição de casos como este."Não pode é ficar o trabalhador refém desta situação de risco",defendeu.(Fonte: Bancarios Rio)
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