A Comissão Nacional dos Bancários considera insuficientes as propostas para as reivindicações não econômicas da categoria, apresentadas pela Fenaban nesta quarta-feira 17, em São Paulo, na quinta rodada de negociações da Campanha 2014. Nesta sexta-feira 19, os bancos apresentam propostas para as demandas econômicas da pauta, o que inclui índice de reajuste e PLR.

Para essa reunião ainda estava prevista a discussão de cláusulas sociais e a FENABAN iniciou querendo saber qual a avaliação da representação sindical quanto as propostas de mudanças de redação feitas pela entidade patronal, como o sábado tornar-se dia útil não trabalhado, pagamento de horas extra no mês subsequente, inclusão de prazo para apresentação de comprovantes para os reembolsos de vale creche e babá, constar na redação da cláusula do vale transporte que o desconto de 4% é sobre o somatório das verbas ficas de natureza salarial, entre outras.

Também a entidade patronal pediu um posicionamento quanto a não consideração dos valores pagos a título de gratificações semestrais (que são pagas em alguns estados apenas) na cláusula da PLR. Para todas as propostas de mudança de redação, o movimento sindical respondeu que ainda analisa as propostas, que não houve tempo de concluir as análises mas que, qualquer proposta que cause prejuízo ao trabalhador, sempre será rejeitada.

Outro ponto que a FENABAN insistiu muito foi quanto ao monitoramento e divulgação pelos bancos das performances dos empregados, onde a entidade patronal entende que as divulgações, na forma como são feitas hoje, não ferem a convenção coletiva, já o movimento sindical discorda da visão patronal pois entende que as divulgações acabam expondo os empregados e fomentando em alguns casos um clima de competitividade que prejudica a harmonia no ambiente de trabalho e caracteriza assédio moral.

A FENABAN também propôs no dia de ontem a realização de um Seminário para discussão dos "Avanços Tecnológicos" nos bancos, ao que o Movimento Sindical concordou desde que o Seminário também debata a manutenção do emprego frente os tais avanços tecnológicos.

Ficou bem claro que a negociação de ontem foi agendada pela entidade patronal para sentir o clima dentro do funcionalismos, isso talvez venha a servir de parâmetro para a proposta econômica que será apresentada na rodada da próxima sexta-feira.

Para Gladir Basso, integrante da mesa de negociações nacional e que junto com Gilberto Lopez Leite e Claudecir Souza representam os bancários do Estado do Paraná, a rodada de sexta-feira dará todos os indícios das dificuldades que serão enfrentadas nesta Campanha Salarial, todos na condição de presidentes de sindicatos, e com vasta experiência nas mesas de negociação, não descartam que os bancários já sejam forçados a mostrar seu poder de mobilização a partir da próxima semana e para isso é importante que todas as entidades mantenham os bancários bem informados sobre tudo que está acontecendo.

Veja as propostas dos bancos

A redação das propostas será entregue nesta sexta-feira, junto com as cláusulas econômicas. Mas os conteúdos têm o seguinte teor:

Certificação CPA 10 e CPA 20 - Quando exigido pelos bancos, os trabalhadores terão reembolso do custo da prova em caso de aprovação.

Adiantamento de 13º salário para os afastados - Quando o bancário estiver recebendo complementação salarial, terá também direito ao adiantamento do 13º salário, a exemplo dos demais empregados.

Reabilitação profissional - Cada banco fará a discussão sobre o programa de retorno ao trabalho com o movimento sindical.

Monitoramento de resultados - Terá redação mais abrangente. Além do SMS, a cobrança de resultados passará a ser proibida também por qualquer outro tipo de aparelho ou plataforma digital.

Gestantes - As bancárias demitidas que comprovarem estar grávidas no período do aviso prévio serão readmitidas automaticamente.

Casais homoafetivos - Os bancos irão divulgar a cláusula de extensão dos direitos aos casais homoafetivos, informando que a opção deve ser feita diretamente com a área de RH de cada banco, e não mais com o gestor imediato, para evitar constrangimentos e discriminações.

Novas tecnologias - Realização de seminários periódicos para discutir sobre tendências de novas tecnologias.

As reivindicações ignoradas pelos bancos

A Comissão Nacional condenou na mesa de negociação a ausência de propostas para várias reivindicações discutidas com os bancos, tais como:

Fim das metas abusivas - Não há como fechar um acordo sem solução para o problema das metas abusivas".

Emprego - A Comissão insistiu na necessidade de mais contratações, na adoção de medidas para preservar o emprego, como a proibição de demissões imotivadas (Convenção 158 da OIT),e o fim da rotatividade e das terceirizações.

Segurança - Vale lembrar que os bancos investiram somente R$ 2,4 bilhões no primeiro semestre com segurança. Isso representa 8,6% do lucro dos cinco maiores bancos.

Igualdade - A Comissão refirmou a necessidade de instituir mecanismos para acabar com a diferença salarial entre homens e mulheres, como demonstrou o II Censo da Diversidade. Uma dessas medidas deve ser a implementação de PCS em todos os bancos. Mas a Fenaban diz que PCS é um problema de cada banco e se recusa a incluir o tema na Convenção Coletiva.

PCMSO - Instituir avaliação da qualidade dos exames médicos de retorno, de mudança de função e periódico. Os bancos disseram que o assunto deve ser debatido na mesa temática sobre saúde do trabalhador.

Ampliação da cesta-alimentação para afastados.

Fim da revalidação de atestados médicos. A Fenaban alega que pode ser feito pelos médicos do trabalho de cada banco e que não tem acordo.

Pausas e revezamentos no auto-atendimento. Após pressão da Comissão, os bancos ficaram de rediscutir a concessão de rodízio para quem trabalha no auto-atendimento.

Está agendada nova rodada de negociações para a próxima sexta-feira (19) a partir das 10h quando a entidade patronal apresentará proposta econômica aos bancários de todo o Brasil a qual espera-se ser uma proposta satisfatória para categoria. Fonte: Federação dos Bancários do Paraná
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