As conquistas econômicas da Campanha Nacional dos Bancários 2014, obtidas com a greve de sete dias que chegou a paralisar 10.355 agências e centros administrativos nos 26 estados e no Distrito Federal, injetarão mais de R$ 9,030 bilhões nos próximos 12 meses na economia brasileira, segundo projeção do Dieese. A estimativa considera o total de 511.833 bancários, conforme dados da RAIS em 31/12/2013.

Somente os reajustes nos salários, nos vales e na PLR vão levar à economia R$ 9,030 bilhões. O reajuste de 8,5% nos salários, por exemplo, representa um acréscimo anual de cerca de R$ 3,312 bilhões.

A PLR injetará por volta de R$ 5,112 bilhões. Apenas a antecipação do pagamento, que será efetuada 10 dias após a assinatura da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) na próxima segunda-feira (13), proporcionará um impacto de cerca de R$ 2,008 bilhões.

Além disso, o reajuste de 12,2% e 8,5% nos vales refeição e alimentação, respectivamente, garantirão mais R$ 606,015 milhões em um ano.

Para Gladir Basso, presidente desta Federação e do Sindicato dos Bancários de Cascavel e Região, "isso tudo só reforça a importância da classe trabalhadora e de nossas lutas. Nessa última década temos conseguido aumento acima da inflação. Diferente dos anos 1990 quando nossos reajustes não tinham qualquer ganho real e os salários perdiam ano a ano poder de compra. Um tempo de atraso, de desrespeito aos trabalhadores e seus direitos que não queremos mais ver de volta".

Vitória contra a crise e o pessimismo econômico
Para a economista do Dieese, Regina Camargos, pelo seu tamanho e capilaridade, a categoria bancária tem um papel muito importante para dinamizar a economia em nível local e nacional. Os ganhos obtidos em suas negociações anuais injetam uma elevada soma de recursos no comércio, na indústria e nos serviços, como na cultura e lazer.

"Esse efeito dinamizador comprova a importância da elevação do poder aquisitivo dos trabalhadores para mover a roda da economia e ajudar o país a atravessar com menor turbulência a mais grave crise já enfrentada pelo capitalismo mundial desde 1929. O Brasil é um dos poucos países do mundo que está passando pela crise sem afetar o nível de emprego e de renda da classe trabalhadora e isso está sendo decisivo para que a crise não nos afete da forma como já ocorreu no passado", destaca Regina.

Economistas de renome mundial e até mesmo o ortodoxo FMI têm dito que esse diferencial brasileiro no enfrentamento da crise está sendo decisivo para evitar que o país amplie as desigualdades sociais, tal como está acontecendo nos Estados Unidos e na Europa.

Segundo a economista, os ganhos obtidos pelos bancários em suas negociações coletivas, nestes últimos 11 anos, foram decisivos para fomentar esse novo momento da economia brasileira, juntamente com outras categorias organizadas, como metalúrgicos, petroleiros e comerciários. "Ao lado da política de valorização do salário mínimo, os ganhos reais obtidos pelos trabalhadores têm contribuído para atenuar a elevada desigualdade de renda existente no país", salienta.

"Por tudo isso, a vitória dos bancários não beneficia somente a categoria. Ela tem efeitos positivos sobre o conjunto dos trabalhadores e a economia brasileira, diante dos seus impactos em diversos setores. Ao mesmo tempo, as conquistas alcançadas representam, também, uma importante vitória contra o pessimismo que a grande mídia tenta diariamente disseminar na sociedade ao fazer projeções catastróficas sobre o desempenho do país", conclui Regina. (Fonte: DIEESE)
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