População com poucas horas de trabalho cresceu para 6,9 milhões no trimestre encerrado em dezembro de 2018. 

 Contingente de pessoas que trabalham menos horas do que gostariam chegou a 6,9 milhões no último trimestre; condição pode ser vista como um 'desemprego parcial', diz professor. (Por Taís Laporta)


A quantidade de pessoas que trabalham menos horas do que gostariam (subocupados) foi recorde em 2018, mostram dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da pesquisa Pnad Contínua, divulgados nesta quinta-feira (31). Em 4 anos, este contingente saltou 45,7%.


O IBGE classifica como subocupadas por insuficiência de horas as pessoas de 14 anos ou mais que trabalhavam menos de 40 horas por semana, mas gostariam de trabalhar mais e estavam disponíveis para isso nos próximos 30 dias.


No trimestre encerrado em dezembro de 2018, o número de pessoas nesta condição chegou a 6,9 milhões – o maior já registrado na série histórica do IBGE, iniciada em 2012.


Com isso, a população com poucas horas de trabalho cresceu 11% na média de 2018. Isso se traduz em mais 662 mil pessoas subocupadas na comparação com o trimestre encerrado em dezembro de 2017, segundo a PNAD.


'Desemprego parcial'

A subocupação pode ser vista como um "desemprego parcial", embora ela ajude a reduzir a taxa de desocupação do IBGE, explica o professor da USP e especialista em trabalho Hélio Zylbertajn.


“As causas deste aumento são as mesmas do desemprego: o desaquecimento da economia que ainda persiste”, explica. A taxa de desemprego no Brasil ficou em 11,6% no trimestre encerrado em dezembro do ano passado, atingindo 12,2 milhões de brasileiros.


Segundo o professor da USP, uma pessoa que trabalha 20 horas por semana e gostaria de trabalhar 40 está numa espécie de subemprego, embora possa ter registro em carteira.
Zylbertajn descarta a relação do aumento de subocupados com a criação de vagas de trabalho intermitente, modalidade implementada pela reforma trabalhista.


Em 2018, foram criadas pouco mais de 50 mil vagas de trabalho intermitente, segundo o ministério da Economia, número considerado baixo pelo professor da USP.


“Esse aumento [da população desocupada] não tem a ver com a reforma trabalhista. Os intermitentes já eram informais antes e agora têm registro em carteira", diz.


Taxa de subutilização ficou em 23,9%

Os subocupados compõem a chamada taxa de subutilização, que também inclui a população desocupada (que procuraram trabalho e não encontraram) e a força de trabalho potencial (aqueles que podem trabalhar, mas não procuram).


A taxa de subutilização ficou em 23,9% no trimestre encerrado em dezembro, uma redução de 0,3 ponto percentual em relação ao trimestre anterior, quando estava em 24,2%. Já no confronto com o mesmo trimestre de 2017, a taxa ficou estável.


Já na média anual, esta taxa subiu 0,5 ponto percentual, de 23,9%, em 2017, para 24,4% no ano passado, segundo o IBGE. (Fonte: G1)

 

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