(Por Lucas Gabriel Marins) Vilson Sátiro Bitencourt, 90, teve que ser carregado no colo até uma agência do Banco do Brasil para provar que estava vivo e receber a aposentadoria

, no valor de R$ 998. O caso aconteceu na segunda-feira (1º), no município de Lapa, na região metropolitana de Curitiba, de acordo com o relato feito pela filha de Bitencourt nas redes sociais.


O idoso teria sido levado de carro por um percurso de 30 quilômetros, de sua casa, na zona rural da cidade, até o banco. Depois, foi carregado no colo do carro até o interior da agência. O benefício acabou sendo liberado na terça-feira (2), mas, com pneumonia, Bitencourt teve uma parada cardíaca e morreu no mesmo dia.


O vídeo que mostra o idoso sendo carregado foi divulgado pela filha dele, Simara de Lourdes Bitencourt, nas redes sociais.


Relato publicado no Facebook 

O UOL tentou contato com Simara, mas não conseguiu. Em sua página pessoal no Facebook, ela diz que foi até a agência do BB na sexta-feira (28) para receber a aposentadoria do pai. Um funcionário teria informado, então, que o benefício estava bloqueado e só seria liberado quando o idoso fizesse a "prova de vida".


O procedimento é exigido pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) para evitar fraudes e deve ser feito todo ano. Basta o aposentado ir até o banco e apresentar um documento de identificação com foto.


De acordo o relato de Simara, o funcionário disse que seria preciso levar o idoso de carro até a agência, e o banco se encarregaria de disponibilizar alguém para ir até o carro e atestar a identificação do idoso.


Na segunda-feira, Simara diz que retirou o pai da cama e o levou, com a ajuda de familiares, até a agência do banco. Ao chegar, disse ter sido informada por um funcionário do banco que a prova de vida não poderia ser feita no carro porque a prática iria contra as normas do INSS.


Segundo o relato, ela foi orientada a ir até a agência do INSS na cidade. Lá, os funcionários do INSS teriam dito que ela deveria retornar ao Banco do Brasil, pois a prova de vida deveria ser feita no banco.


"Voltamos ao banco, entrei nervosa e pedi encarecidamente ao gerente que, por favor, olhasse com humanidade e respeito ao meu paizinho naquele estado debilitado. Mas ele me disse que o que [eu] estava pedindo é um crime e que [ele] não poderia cometê-lo, [sob] o risco de ser mandado para a rua [demitido]. E agora eu pergunto: cadê a humanidade?", escreveu ela nas redes sociais.


INSS: Prova de vida pode ser feita em casa

O INSS informou que beneficiários com mais de 80 anos que não podem comparecer às agências para fazer prova de vida --por causa de doença ou problemas de locomoção-- podem agendar para que um servidor do INSS vá até a sua casa ou a outro local.


O agendamento pode ser feito pelo telefone 135 ou pelo Meu INSS. No caso de pessoas com problemas de locomoção, é preciso apresentar um atestado médico ou declaração emitida por um hospital.


Ainda segundo o INSS, a prova de vida também pode ser feita por um representante legal ou procurador do beneficiário legalmente cadastrado no INSS ou no banco responsável pelo pagamento do benefício.


Em relação ao caso de Bitencourt, o INSS afirmou que os seus parentes não informaram ao órgão a idade do idoso nem que ele não conseguia andar.


Simara disse que não foi informada sobre a possibilidade de seu pai receber a visita de um servidor e fazer a prova de vida em casa.


BB diz que funcionário não pode atender fora da agência 

Procurado pelo UOL, O Banco do Brasil informou, por meio de nota, que os funcionários não são autorizados a sair da agência para fazer a prova de vida, pois é preciso gerar uma senha "ou capturar biometria do próprio beneficiário, procedimentos que devem ser executados dentro da agência". 


Com relação ao caso específico de Bitencourt, o banco disse que "já iniciou procedimento para apurar as circunstâncias do atendimento ao cliente". (Fonte: UOL)

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