Índice que mede atividade econômica do Banco Central, considerado a prévia do PIB, fica negativo de abril a junho, praticamente confirmando que o país está em recessão técnica

- quando há recudo por dois trimestres consecutivos (Por Hamilton Ferrari)

 
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) foi um banho de água fria nos analistas que estavam esperando crescimento da economia — mesmo que modesto — no segundo trimestre do ano, na comparação com os três meses anteriores. Considerado a prévia do Produto Interno Bruto (PIB), o indicador da autoridade monetária mostrou que o país encolheu 0,13% no período e indica que a recessão técnica voltou a ser realidade.


De acordo com o Banco Central, a economia cresceu apenas 0,3% em junho, na comparação com maio. Considerando os números sem ajuste sazonal — porque avalia períodos iguais de tempo —, a atividade cresceu 0,62% no ano e 1,08% no acumulado de 12 meses. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vai divulgar no próximo dia 29 a taxa de crescimento do país no segundo trimestre do ano.


A economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, disse que a comparação do PIB com o IBC-Br não é perfeita, mas é uma estimativa aproximada que reforça a possibilidade de o Brasil ter um segundo dado trimestral negativo, o que configura a recessão técnica. “O ponto é que, qualquer que seja o índice, 0,1% de queda ou 0,1% de crescimento, o país está com a economia estagnada e tem fraqueza de demanda”, disse. “Não existe bala de prata na economia atual. As mudanças estão acontecendo e, para voltar a crescer em linha com o mundo, não acredito que seja neste mandato presidencial”, completou.


Zeina explica que a nova rodada de redução dos juros e a liberação de saques de recursos, como do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), não deve ter impacto significativo. “Trará alívio, mas nosso problema é estrutural. O potencial de crescimento, dada a falta de infraestrutura, tecnologia, a qualidade de mão de obra, está em 0,8%, segundo estimativa aqui da XP. Antes, esse potencial era de 3,5%”, compara a economista-chefe.

O relatório Focus, do BC, que traz projeções dos analistas do mercado financeiro para a economia, mostrou que há uma expectativa de que o crescimento fique em 0,81% em 2019. Há uma semana, o boletim informava que as perspectivas era de um avanço de 0,82%. Nem mesmo a taxa Selic no menor patamar da história foi suficiente para estimular mais fortemente a economia, tanto é que o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu os juros de 6,5% ao ano para 6% anuais na última reunião.


Juros
Com a atividade econômica fraca e inflação baixa, o mercado vê espaço para reduzir ainda mais a Selic. De acordo com os analistas, a taxa básica Selic deverá terminar o ano em 5% ao ano. O cálculo do IBC-Br também auxilia o BC a definir os juros. De acordo com o economista Silvio Campos Neto, analista da Tendências Consultoria, a diminuição pode criar um cenário de mais otimismo no segundo semestre. “Números do mercado de trabalho mostram uma reação e a incerteza da não aprovação da reforma da Previdência foi removida do cenário, aumentando as expectativas”, destacou.


As projeções para o Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) estão em 3,76% para 2019, sendo que, no penúltimo relatório, a expectativa era de variação de 3,8%. A meta do governo federal é de 4,25%, com um intervalo de 1,5 ponto percentual para baixo e para cima. (Fonte: Correio Braziliense)

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