(Por João Antônio Motta) Como a taxa básica de juros (Selic) caiu para inacreditáveis 4,5% ao ano, com expectativa de baixa ainda para o próximo
ano, é importante que nossa conversa seja o preço do futuro:

os juros. Sim, porque juros, basicamente, são o preço que
você paga para antecipar o futuro, para ter hoje o que, poupando, teria amanhã. Mas, primeiro, vamos apresentar o que é
a Selic.

O governo tem uma espécie de "cheque especial", que são os títulos públicos, pois, como todos os endividados, ele gasta
mais do que arrecada e, dessa forma, tem que buscar dinheiro prometendo pagar lá adiante. Daí, emite estes títulos
públicos, que os bancos têm de comprar. A Selic representa uma média da remuneração dos bancos com os títulos
públicos. Ela representa o que o governo espera pagar e, também, um importante mecanismo de controle dos juros
bancários, pois sinaliza o que esperar do futuro.

A vida dos bancos é comprar e vender dinheiro, que é uma mercadoria como qualquer outra. O preço desta mercadoria,
os juros, são calculados em um exercício de tentar prever o futuro, mas, e principalmente, quanto eles estão pagando pelo
dinheiro. Basicamente, é como comprar e vender qualquer mercadoria, o que se regula também por oferta e procura.

Claro que isso é a teoria, pois, com cinco bancos dominando mais de 90% do mercado, isso não ocorre. Hoje, qualquer
investimento que dê retorno de 0,5% ao mês já é para aplaudir de pé. No entanto, não se vê nos bancos taxas de
empréstimo de 1% ao mês, o que já seria uma margem de 100% ao banco sobre os juros pagos aos investidores e aqueles
cobrados dos clientes.

As taxas são muito maiores e não estão baixando junto com a taxa Selic. Segundo dados do BC, em novembro de 2018, a
taxa média de financiamento junto aos bancos estava em 3,69% ao mês. Em novembro de 2019, foi para 3,72%.
A Selic no mesmo período estava em 6,5% ao ano e caiu para 5% ao ano.

Como se pode concluir, a redução da taxa básica de juros não tem sido um sinalizador adequado para os bancos
reduzirem suas margens de ganho, pois, além de as taxas não caírem, elas teimosamente aumentam. Isso é o resultado de
uma concentração absurda no setor bancário, onde não há concorrência, o que deve levar você a pensar muito e colocar
os dois pés para trás quando quiser antecipar o futuro – pois o preço é alto, muito alto. (Fonte: UOL)

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