Em entrevista à EXAME, executivo da empresa destacou as vantagens que a moeda digital trará para o mercado e o papel da Tecban nesse cenário (João Pedro Malar) - foto Paulinho Costa feebpr - 

O Real Digital é considerado o último elemento do Banco Central para intensificar o processo de digitalização da economia. Diante desse cenário, é natural que surjam apostas em torno do fim de elementos mais tradicionais ⏤ e físicos ⏤ do mercado, como o caixa eletrônico. Mas a Tecban, uma das líderes na área de tecnologia bancária e fornecedora de ATMs, como os caixas são conhecidos, não aposta nessa consequência.

É o que explica Tiago Aguiar, superintendente de Novas Plataformas da Tecban, em entrevista à EXAME. Ao mesmo tempo, isso não significa que a empresa não está de olho no desenvolvimento da moeda digital de banco central (CBDC, na sigla em inglês). Pelo contrário. A Tecban foi uma das escolhidas para participar da fase de testes com o piloto da moeda, que se estenderá pelo resto de 2023.

Aguiar vê uma série de potenciais diferentes para o Real Digital, mas que são reforçados ao combinar o projeto com outras tecnologias. Entre elas, ele cita o Open Finance, inteligência artificial e a chamada internet das coisas (IoT, na sigla em inglês). A tendência, afirma, é que todos esses elementos se combinem para dar mais acessibilidade e eficiência ao sistema bancário atual.

Futuro com Real Digital
Para o executivo da Tecban, a grande questão em torno da CBDC brasileira é a programabilidade do dinheiro: "hoje tem formas de programar, pela via bancária, mas você vai poder fazer isso de forma inteligente, automática, em um contrato. Vai ser um divisor de águas".

A Tecban participa do desenvolvimento do Real Digital desde a primeira fase do projeto, o Lift Challenge, que testou possíveis casos de uso para a ferramenta. Um deles, proposto pela empresa, era um armário inteligente para depósito de produtos em que a transação financeira só era confirmada e efetivada após o comprador retirar o item, dando mais segurança para a operação.

Isso mostra, na visão dele, que a CBDC sozinha "tem um potencial, mas quando junta com a possibilidade de fazer isso em um blockchain, com contratos inteligentes, surgem duas outras coisas: o uso do dinheiro criptográfico e da tecnologia blockchain trazendo garantia, confiança e segurança para relações que têm de ter um intermediário".

Nesse sentido, Aguiar ressalta que "o que é importante na inovação é ver a capacidade que tem dentro da empresa, o conhecimento que tem, menos o que faz, ou como, mas a capacidade instalada de conhecimento, de seus colaboradores. A partir disso, você consegue estabelecer novas tecnologias?". No caso da Tecban, ele acredita que o grande desafio da empresa é semelhante ao de qualquer companhia que atua há 40 anos no mercado: "se manter relevante".

Para ele, a empresa tem conseguido isso exatamente ao ter uma capacidade de transformação e um time capacitado, capaz de entender como unir equipamentos físicos ⏤ o foco da companhia ⏤ com o mundo digital, incluindo o Real Digital. Aguiar comenta que isso já ocorreu no caso do Open Finance, quando a empresa foi a "primeira com uma plataforma no ar", e a ideia é repetir isso com a CBDC.

Fim do caixa eletrônico?
Mesmo com a digitalização, o superintendente da Tecban não acredita que o caixa eletrônico vai morrer. Ele lembra que "o propósito da Tecban é conectar as pessoas onde estiverem com o dinheiro. Ela se posicionou nesse lugares onde as pessoas tinham dificuldade de acesso ao sistema financeiro". E a dificuldade de acesso à internet também pode dificultar o acesso ao próprio Real Digital e outras ferramentas, mostrando a necessidade de opções consolidadas, caso dos ATMs.

"A gente vê que, quando surge uma nova tecnologia, as pessoas falam que ela vai acabar com a outra. Mas não é dessa forma, as tecnologias se somam, não substituem. Pensando nesse propósito, de não deixar as pessoas de fora, não excluir a população, seja da periferia, seja da área rural, quem só não quer usar o Real Digital ou quem não é nativo digital, o ATM ainda vai servir como um ponto de contato no sistema financeiro", projeta.

Entretanto, ele avalia que isso vai demandar algumas mudanças na oferta de serviços dessas máquinas. A tendência, acredita ele, é que elas se tornem parecidas com marketplaces, permitindo acessar todas as instituições financeiras e fazer empréstimos, acessar o mercado financeiro. Aguiar vê o caixa eletrônico como "um ponto de contato que tem confiança e as pessoas conhecem", o que é uma vantagem frente a novidades.

Nesse processo, ele diz que o piloto do Real Digital "é superimportante para desenvolver a nossa própria oferta". O objetivo da empresa, explica, é "eliminar o trabalho para as instituições financeiras, delas não precisarem fazer redes, entender de blockchain, ter wallet, Real tokenizado. Queremos tirar esse trabalho, deixar com a gente".

Além disso, Aguiar acredita que o piloto será importante para a empresa continuar "aprendendo e desenvolvendo a própria solução" para a tecnologia blockchain. "Originalmente, não fazia sentido ter um ATM próprio, e a a ideia é a mesma agora para o Real Digital. Queremos que as empresas consigam focar em negócio, com a Tecban ajudando o Banco Central a desenvolver todo o Real Digital, os processos necessários, solucionar o que tiver de erro", explica.

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Notícias Feeb/PR

 

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