escrito por Assessoria Igor  

A taxa de desemprego no Brasil registrou leve recuo para 7,9% no trimestre móvel encerrado em julho, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (31) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Esta foi a menor taxa de desemprego para o período desde 2014. No trimestre anterior, o indicador marcou 8%. Na comparação com o mesmo trimestre móvel de 2022, o desemprego no país caiu 1,2 ponto percentual (de 9,1%).

O resultado foi impactado principalmente pelo crescimento de vagas de trabalho informais e da ocupação no setor público.

O indicador ficou exatamente dentro da mediana das projeções levantadas pela Bloomberg, que apontava para uma taxa de desemprego de 7,9%.

“Os dados vieram em linha com o esperado e seguem corroborando a visão de um mercado de trabalho aquecido, com importante crescimento da população ocupada e da massa salarial”, comenta João Savignon, diretor de pesquisa macroeconômica da Kínitro Capital.

“Por outro lado, olhando para a atividade econômica em termos gerais, esse dado corrobora o nosso cenário de que a desaceleração segue em curso, mas em uma perspectiva mais de acomodação do forte crescimento do que de queda da atividade”, completa Savigno.

De acordo com o IBGE, o número de desempregados caiu para 8,5 milhões no intervalo de maio a julho, ante 8,6 milhões de desocupados registrados no trimestre encerrado em junho — menos 573 mil pessoas desocupadas.

Esse foi o menor contingente de desocupados no Brasil desde o trimestre móvel terminado em junho de 2015, segundo o instituto.

Os números fazem parte da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), que levanta dados tanto de empregos com carteira assinada quanto de pessoas prestadoras de serviços com CNPJ e os trabalhos informais, conhecidos como bicos.

A população que é considerada desempregada pelas estatísticas oficiais abrange pessoas de 14 anos ou mais que estão sem ocupação e que seguem à procura de oportunidades. Quem não está buscando vagas, mesmo sem emprego, não faz parte desse contingente.

A coordenadora de pesquisas por amostra de domicílios do IBGE, Adriana Beringuy, ressalta que a queda da taxa de desemprego no trimestre encerrado em julho foi influenciada sobretudo pela melhoria na ocupação, e não pela queda na busca por emprego.

“De fato, há melhoria da ocupação da força de trabalho que foi bastante importante para a queda da taxa [de desemprego]”, diz.

A população ocupada cresceu 1,3% em julho, somando 99,3 milhões de pessoas, e alcançando o nível de 56,8%, ante 56,2% no trimestre móvel imediatamente anterior.

Já o percentual de desalentados, que não têm ocupação mas não buscam emprego, ficou estável em 3,3% na comparação trimestral, somando 3,7 milhões de pessoas. O contingente, contudo, recuou 13,4% em um ano.

SERVIÇOS DOMÉSTICOS GANHAM DESTAQUE

Olhando para as atividades da economia, a ocupação nos serviços domésticos reverteu a queda registrada no trimestre anterior, e subiu 3,3% em julho. O resultado teve grande impacto da informalidade —dos 5,9 milhões de trabalhadores domésticos, 4,4 milhões não possuem carteira assinada.

A taxa de informalidade, ou seja, de empregos sem carteira assinada, subiu para 39,1% do total da população ocupada, contra 38,9% registrados no trimestre anterior. Apesar do crescimento trimestral, Adriana Beringuy chama atenção para a queda anual da informalidade. No trimestre móvel encerrado em julho de 2022, a taxa era de 39,8%.

Outro destaque no aumento da ocupação foi para a administração pública, saúde e educação, com crescimento trimestral de 2,6 pontos percentuais, para 3,4%. Beringuy ligou a alta a fatores sazonais, principalmente na educação.

Outro setor que contribuiu para a melhora na taxa de ocupação foi a atividade da tecnologia da informação e comunicação, que cresceu 5,2%, mas mais uma vez com a força da informalidade no segmento.

A coordenadora de pesquisas por amostra de domicílios do IBGE chamou atenção ainda para uma indicação na reversão da trajetória de queda da ocupação em algumas atividades, como agricultura e construção civil.

MASSA DA RENDA BATE RECORDE

A massa de rendimento da população brasileira, que representa a soma de todos os salários, ficou em R$ 286,9 bilhões, um crescimento de 2% ante o trimestre anterior e de 6,2% na comparação anual. O montante representa um recorde da série histórica.

Uma das justificativas para esse recorde, segundo Beringuy, é o aumento da ocupação em funções mais qualificadas, como tecnologia da informação e comunicação.

Já a renda média do trabalho ficou relativamente estável, em R$ 2.935, ante R$ 2.921 no trimestre anterior. Na base anual, contudo, o indicador cresceu 5,1%. Os valores foram divulgados em termos reais –ou seja, já ajustados pela inflação.

“Após recuperação significativa no ano passado, os rendimentos do trabalho mostram perda de tração”, analisa Rodolfo Margato, economista da XP.

“A dinâmica salarial recente não respalda avaliações de um mercado de trabalho estritamente apertado, pelo menos não a ponto de colocar pressão sobre a condução de política monetária no curto prazo”, conclui Margato.

FORÇA DE TRABALHO

A taxa de participação da força de trabalho segue estagnada, em 61,9%, segundo o IBGE.

A taxa de participação mede a proporção de pessoas de 14 anos ou mais que estão inseridas na força de trabalho como ocupadas (com alguma vaga) ou desempregadas (à procura de emprego).

O total da força de trabalhado foi estimada em 107,9 milhões, alta de 0,7% frente ao trimestre anterior, mas queda de 0,6% na comparação anual.

“A taxa de participação da força de trabalho continua bem abaixo dos níveis pré-pandêmicos (63,4% em fevereiro de 2020) e do pico prévio registrado em julho de 2022 (62,7%), o que ajuda a manter a taxa de desemprego nos níveis mais baixos em nove anos”, pondera Rodolfo Margato, da XP.

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