Osite Política Real publicou no último dia 26 de março matéria na qual aeconomista e professora da Universidade Federal de Pernambuco, Tânia Bacelar,afirma que o Brasil não possui nenhuma política pública para promover odesenvolvimento regional (texto abaixo, na íntegra).

Bancada do Nordeste -Economista da UFPE diz que Brasil não tem políticas de desenvolvimento regional
Aprofessora de economia Tânia Bacelar, da Universidade Federal de Pernambuco(UFPE), afirmou nesta quarta-feira, 26, que o Brasil não possui nenhumapolítica pública para promover o desenvolvimento regional.
Adeclaração da economista da UFPE ocorreu durante uma palestra dela realizadadurante o tradicional "Café da Manhã Colonial Nordestino" que aBancada do Nordeste promove, pelo menos uma vez por mês, na Câmara dosDeputados para reunir os parlamentares da região.
"OBrasil aprendeu a combinar muito bem, desde o governo Lula, as políticassociais com as políticas econômicas", afirmou a professora Tânia aodestacar que isso "foi muito positivo" e surtiu resultados favoráveisaos indicadores da região Nordeste.
Entretanto,mesmo com a economista elogiando o fato de o Nordeste ter crescido mais do quea média nacional nos últimos anos, ela lamentou que a "melhora nosindicadores sociais" não representam "praticamente" nenhumaelevação do Produto Interno Bruto (PIB) da região.
PIB
Enquantoo Nordeste cresceu economicamente a um ritmo de 5,9% por ano na última década,a região Sudeste - região mais populosa e desenvolvida economicamente do país -cresceu na última década num ritmo de 3,9% por ano. O PIB da região que era até2003 de 12,5% passou a ser no último ano de 2013 de 13,5%.
Investimentos federais
Apesarde criticar a estagnação do PIB no Nordeste, a professora da UFPE ressaltou osinvestimentos federais durante os governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula daSilva e da presidenta Dilma Rousseff , que contribuíram na criação de um amploparque industrial, que até então inexistia na região.
TâniaBacelar elogiou a expansão das instituições de ensinotécnico-profissionalizante e superior do governo federal pelo interior doNordeste. "Isso vem mudando a realidade da região", anotou aeconomista que se surpreendeu nas últimas visitas que fez na região dosemiárido com o número de brasileiros que estão estudando em faculdades.
Educação básica ruim
Poroutro lado, a acadêmica da UFPE não se mostrou tão eufórica com odesenvolvimento do ensino fundamental no Nordeste. Ela citou que mesmo que o índicede analfabetismo no meio rural da região tenha caído de 40% para 30% de 2003para 2013, o analfabetismo na população que vive no campo ainda é "muitoelevado".
"Inicialmenteeu era contra a ideia do senador Cristovam Buarque de federalizar a educaçãobásica. Mas hoje, reconheço, que se o governo federal não entrar diretamentecom recursos, nós não avançaremos na questão do ensino fundamental queatualmente depende exclusivamente dos governos municipais. E no Nordeste, osentes municipais são ainda mais frágeis, já que não contam com boas basesprodutivas", comentou a professora Tânia Bacelar.
Produção no Nordeste
"Osemiárido não é mais o mesmo que conhecíamos na década de 80. No entanto,quando se pega qualquer indicador, verificamos que o Nordeste ainda tem umhiato muito grande com relação às demais regiões, sobretudo ao Sudeste, Sul eCentro-Oeste", disse a economista da UFPE, ao defender a criação e adoçãode políticas públicas voltadas ao desenvolvimento da região.
Deacordo com a professora Tânia Bacelar, em 2001, a produção de etanol noNordeste representava cerca de 12% da participação de toda a produção nacional.Segundo ela, essa participação das usinas sucroalcooleiras da região teriacaído para 6% no último ano. "A permanecer este quadro, vamos manter oabismo que separa o Sul-Sudeste do Nordeste", diagnosticou.
Paraisso, a acadêmica que é especialista em desenvolvimento regional aponta que oNordeste precisa participar mais dos investimentos tanto estatais, quantosprivados das cadeias de produção de gás e combustível. Segundo ela, este setorestá "demasiadamente concentrado" na região Sudeste. "O que sómantêm o abismo entre o Nordeste para o Sudeste", lamentou.
Infraestrutura
Mesmoelogiando o novo modelo de implementação da infraestrutura de transportesadotado pelo governo Dilma, que optou por um modelo de concessões paraconstrução de novas rodovias e aeroportos, devido à falta de "poupançanacional" para financiar esta infraestrutura, a professora da UFPE cravouque "o Nordeste está fora do mapa dos novos investimentos eminfraestrutura".
"Dadoo alto déficit (de infraestrutura) encontrado no nosso país e com poucosrecursos públicos disponíveis, a presidenta Dilma está correta no novo modelode concessões implantado. No entanto, falo como nordestina, o mapa dasconcessões vai ao máximo até a Bahia. O Nordeste foi excluído. A ampla maioriadestes investimentos se encontram, sobretudo, nas regiões Sudeste, Sul eCentro-Oeste. A taxa de retorno do governo federal é para o Sul-Sudeste",complementou.
Energia solar
Elaafirmou, ainda, que a solução energética do Nordeste é investir na energiasolar e não apenas na energia eólica, que "também nós temos muito"."Mas o Nordeste é sol, é o que nós mais temos. Precisamos colocar isso nanossa agenda e aproveitar que os governos da Alemanha e da China estãocomeçando a investir nesta matriz", defendeu.
"Equando países gigantes como a Alemanha e a China apontam para investimento, nóstemos que aproveitar para produzir energia a partir do maior reator nuclear quenós temos, de graça, que é o sol", acrescentou.
Sem integração nacional

TâniaBacelar criticou, também, a falta de políticas públicas de integração nacionalno Ministério que deveria ter este fim. "O Ministério da Integração Nacionalnão é de integração nacional e muito menos de desenvolvimento regional. OMinistério da Integração Nacional deveria chamar Ministério das ObrasHídricas", falou.
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