Ontem, a Folha revelou que o doleirohavia emprestado a aeronave para o petista viajar de Londrina (PR) a JoãoPessoa (PB) durante as férias parlamentares de janeiro. O deputado levou maissete pessoas no Learjet 45.
Na segunda, Vargas disse pediu o aviãoporque voos comerciais estavam muito caros no período, mas que pagou ocombustível.
Ontem, afirmou que só aceitou embarcarporque imaginava se tratar de uma ''carona''.
Segundo ele, quando soube que era umfrete exclusivo, pediu à sua secretária para reembolsar Youssef das despesas decombustível, estimadas por ele em R$ 20 mil.
"Entretanto, a proposta dereembolso foi negada", afirma sua assessoria em nota, acrescentando que odeputado teria sido informado dessa recusa somente ontem.
Um voo de Londrina para João Pessoa, emum jato de versão inferior, um Learjet 35, custa cerca de R$ 110 mil, comcombustível, segundo consulta feita pela reportagem à Líder Aviação, empresa especializadaem fretamentos.
A viagem de férias de Vargas foidiscutida numa conversa entre ele e Youssef no dia 2 de janeiro, por meio demensagens de texto interceptadas pela PF.
Vargas diz conhecer o doleiro há 20anos, e que Youssef, que está preso, é um empresário conhecido em Londrina,onde ambos vivem.
"O que aconteceu comigo poderiater acontecido a qualquer homem público.
Eu imaginei que ele tivesse aprendido alição pois a Justiça o tratou como herói quando ele fez delação premiada",disse.
Youssef foi preso em 2003, nasinvestigações sobre o Banestado, que apurou remessas ilegais de US$ 30 bilhõesentre 1990 e 2000.
Na época, ele fez um acordo de delaçãopremiada, pagou multa de R$ 1 milhão e obteve perdão por entregar clientes àPF.
Exercendo o segundo mandato comodeputado federal, Vargas era um dos cotados para disputar a Presidência daCâmara pelo PT em 2015.
Ele se destacou nos últimos meses peladefesa, no Congresso, de petistas condenados por seu envolvimento com oescândalo do mensalão.
Em outra conversa captada pela PF,Vargas e Youssef discutem um assunto de interesse do doleiro no Ministério daSaúde.
A transcrição não deixa claro qual erao assunto, mas a PF concluiu que o petista e o doleiro tinham um objetivo comumna pasta.
Esse interesse giraria em torno daLabogen, empresa que, segundo a PF, foi usada por Youssef para remeter U$ 37milhões ao exterior.
A Labogen havia firmado acordo com apasta para que um medicamento fosse produzido por laboratórios públicos, emdezembro.
A parceria, porém, foi suspensa após oministério ser informado sobre a investigação.
Segundo a PF, Vargas disse a Youssefter conversado com o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicosda pasta, Carlos Gadelha
Vargas nega qualquer contato com Gadelha,e diz que o doleiro o procurou para saber como funcionavam as parcerias com apasta.
O ministério diz que Gadelha nunca tratoudo assunto com o deputado.
A oposição na Câmara disse ontemesperar que Vargas dê explicações ao Conselho de Ética da Casa. (Fonte:Folha.com)