ACaixa Econômica Federal, conhecida como o banco da habitação, vai desacelerar aoferta de crédito imobiliário este ano, o que abrirá espaço para os grandesbancos ampliarem a presença no segmento.
Essatirada de pé do acelerador ocorre, conforme apurou o Broadcast, serviço emtempo real da Agência Estado, desde o ano passado e reflete não só umapreocupação com a qualidade dos ativos, mas, principalmente, a limitação dobanco em manter um ritmo elevado de concessões sem novos aportes do governo federalem 2014.
Háuma orientação clara, conforme o presidente do banco, Jorge Hereda, para ainstituição não contar com capitalizações neste ano. "Isso limita nossacapacidade de crescimento em função do nosso capital", disse Hereda, ementrevista na semana passada, ao Broadcast.
Aexpectativa da Caixa para concessões neste ano é de crescimento de 14,2%, bemmais tímido que o avanço de 26,4% alcançado no ano passado, quando ascontratações ficaram perto de R$ 35 bilhões. Em termos de volume, a cifraprojetada também é menor. São esperados cerca de R$ 20 bilhões, em comparação amais de R$ 28 bilhões em 2013. Caso alcance este desempenho, a expansão dosaldo da carteira, que no ano passado foi de mais de 31%, para R$ 270,4bilhões, deve ter forte desaceleração, crescendo entre 12% e 15%.
Amaior seletividade da Caixa nesse segmento custou à construtora MRV um volumesuperior de distratos no último trimestre de 2013. Foram mais de 300 contratosdesfeitos no período, segundo a empresa. Os distratos ocorreram, de acordo comRubens Menin Teixeira de Souza, diretor presidente da MRV, por uma mudança depolítica de crédito por parte dos bancos, especialmente da Caixa. "O bancoapertou um pouco mais o crédito e isso desencaixou alguns clientes nossos,aumentando os distratos", explicou o executivo, em recente conversa comanalistas.
Estatística
Deacordo com Teotônio Costa Rezende, diretor executivo de habitação do banco, adesaceleração da oferta de crédito imobiliário tem razão estatística e nãorepresenta um "freio" na liberação de recursos. À medida que se temuma base maior, diz ele, torna-se mais difícil sustentar um crescimento em umpatamar mais elevado. A Caixa responde hoje por cerca de 70% do créditoimobiliário ofertado no País.
SegundoRezende, o banco fecha diariamente mais de cinco mil contratos de créditoimobiliário equivalentes a um montante de R$ 5 milhões por dia. "Nãoestamos fazendo nenhum corte eventual. Sempre fomos muito seletivos. Nossocompromisso em ser mais seletivos na análise do crédito não é de momento, é delongo prazo", garante.
Enquantoo avanço da Caixa no crédito imobiliário se desacelera, rivais privados etambém o Banco do Brasil esperam manter o ritmo de crescimento no segmento. OBradesco projeta avanço acima de 30% da sua carteira ao ano. Ao final dedezembro, os empréstimos da instituição alcançaram R$ 13,6 bilhões, alta de35,2% em um ano.
"Nospróximos dez anos, há muito potencial de crescimento. A participação do créditoimobiliário no PIB é baixa em relação a outros países", avalia José RamosRocha Neto, diretor do departamento de empréstimos e financiamentos doBradesco.
Asperspectivas são positivas, de acordo com Hamilton Rodrigues da Silva, gerentegeral de crédito imobiliário do BB, tanto na pessoa física como na jurídica. Epor isso, o segmento foi incluído na estratégia da instituição, conforme ele,há cerca de quatro anos. Nesse período, o banco investiu em produtos eprocessos e estruturou uma carteira que superou os R$ 18 bilhões ao final de2013. Depois de crescê-la em 78% ante 2012, o banco espera repetir o feitoneste ano.
Foco
Nocaso do Santander, a carteira imobiliária, que somou R$ 15,7 bilhões em 2013,alta de 32,9% ante 2012, segue como foco do banco no Brasil, segundo GilbertoAbreu, diretor executivo de Negócios Imobiliários da instituição."Continua como parte da estratégia do Santander no Brasil crescer bastanteem crédito imobiliário", destaca.
OItaú Unibanco espera que em 2014 a sua carteira de crédito imobiliário continueavançando acima de 30%, conforme o presidente executivo do banco, RobertoSetubal. Em recente conversa com a imprensa, ele admitiu que as margens nosetor imobiliário caíram, mas que atualmente estão estáveis e que não devemdescer mais. O banco totalizou R$ 24,209 bilhões em crédito imobiliário aofinal de dezembro, saldo 34,1% maior que o visto em 2012.
Fonte:Estadão