Especialistas recomendam nunca passar informações pessoais em ligações telefônicas, mensagens ou site e monitorar constantemente as próprias movimentações bancárias (Por Celso Ming)


Apesar dos investimentos cada vez maiores dos bancos em segurança digital destinados a impedir o uso de contas laranja, os golpes financeiros não param de crescer no Brasil.

Nos oito primeiros meses deste ano, foram registrados 2,7 milhões de tentativas – avanço de 56% em dez anos. Dessas, 1,5 milhão envolveu contas bancárias ou cartões de crédito, como mostra levantamento da Serasa Experian.

Como explica Leandro Vilain, diretor executivo de Inovação, Produtos e Serviços Bancários da Febraban, são mais difíceis de identificar os golpes que envolvem engenharia social, aqueles em que a vítima é manipulada para fornecer informações privadas ou que dão acesso aos criminosos às operações por smartphones. “Em geral, essa transação é verdadeira, por isso a dificuldade em impedir que ela aconteça porque é a própria vítima executando essa operação voluntária em seu celular, dentro da sua casa.”

Especialistas recomendam nunca passar informações pessoais (como dados bancários, CPF e senhas) em ligações telefônicas, mensagens ou sites, nem clicar em links suspeitos enviados por aplicativos de mensagens, SMS ou e-mails que se proponham a instalar certos programas. Para reduzir a probabilidade de cair em golpes, é preciso duvidar sempre de quem está do outro lado.

Boa prática na era digital é o constante monitoramento das movimentações financeiras. Isso exige que o consumidor se restrinja ao uso de aplicativos oficiais dos bancos; crie senhas fortes (que fujam das datas comemorativas ou de sequências alfanuméricas comuns); autentique o acesso à conta em várias etapas; e não armazene informações importantes no aparelho que possam ser encontradas facilmente em caso de ataque hacker ou roubo.

Não há consenso jurídico sobre quem deva arcar com prejuízos provocados por fraudes, principalmente em crimes que envolvem o uso do Pix. Cada caso é um caso. A responsabilização da operação fraudulenta pode envolver coação do correntista, invasão ou falhas dos sistemas do banco ou descuido do usuário. Por isso, as decisões da Justiça têm variado e nem sempre a favor das vítimas.

Embora os bancos se esquivem de se responsabilizar por fraudes que não tenham origem em problemas internos, o advogado especialista em Direito Digital Marco Antônio de Araújo Júnior aponta forte tendência do Judiciário a culpar a instituição financeira que não se esforça por identificar o comportamento do beneficiário dos golpes.

“A legislação tem de ser melhorada para urgir a imediata suspensão da conta do fraudador nos casos denunciados à polícia. Algumas contas laranja continuam ativas mesmo depois das denúncias”, afirma o especialista.

A questão exige mais do que simplesmente evitar as ciladas. Falta no Brasil uma sólida cultura de proteção de dados. É preciso ir além dos investimentos em segurança por parte dos bancos e financiar campanhas destinadas a conscientizar a sociedade civil para a educação digital e para a segurança cibernética de maneira a proteger o usuário. /COM PABLO SANTANA (Fonte: Estadão)

Notícias Feeb/PR

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