Restrições do crédito e renda corroída pela inflação levam o brasileiro a mudar os planos de adquirir moradia, automóvel e até eletrodomésticos. Cauteloso, ele tenta poupar para fugir das taxas e realizar compras mais adiante

Juros elevados, inflação descontrolada, incerteza no mercado de trabalho e crédito restrito estão fazendo o consumidor mudar seus planos. Quem nos últimos anos foi às compras e se endividou pagando taxas pesadas nas prestações, está preferindo deixar para depois sonhos e projetos, como o da casa própria, do carro e da reforma do apartamento.

Até a troca do eletrodoméstico entrou na lista de espera. Na linha de frente do consumo, as lojas sentem a retração da clientela. A Confederação Nacional do Comércio (CNC) revisou a expectativa de crescimento do varejo este ano, de 6% para 4,4%. Só em junho, o segmento registrou uma queda de 3,2% frente ao mês anterior.

“Quando decide comprar, o consumidor olha em duas direções: presente e futuro. Ao perceber que o ambiente econômico está desfavorável no médio prazo, prefere postegar a compra”, explicou Miguel José Ribeiro, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac).

O especialista apontou ainda que essa cautela se manifesta também no lado do crédito. “Os bancos também deixaram de operar com a folga de antes e estão mais receosos com a inadimplência”, acrescentou.

O endividamento das famílias com o sistema financeiro está em um dos maiores patamares desde o início da série histórica do Banco Central (BC), iniciada em 2005. Cerca de 44% da renda acumulada em 12 meses está comprometida com dívidas. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) também rompeu em junho a barreira dos 6,5%, teto da meta oficial de inflação. (Fonte: Correio Braziliense)
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