A crise na indústria brasileira já respinga no setor de serviços. A redução na demanda do segmento industrial fez o setor registrar em agosto um crescimento nominal de apenas 4,5%, em relação ao mesmo mês do ano anterior, segundo dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o pior resultado da série histórica iniciada em janeiro de 2012.

Analistas lembram que a desaceleração, em linha com a queda na confiança dos empresários, corrobora a expectativa de mais um desempenho fraco no Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre.

O IBGE confirma que as perdas na produção industrial levaram ao freio nos dois segmentos mais importantes dos serviços: transporte terrestre e informação e comunicação.

“Está ocorrendo um problema de demanda desaquecida. O principal demandante do transporte rodoviário de carga é o setor industrial, que está em processo de redução de custos”, explicou Roberto Saldanha, técnico da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE.

O segmento de transporte terrestre passou de uma taxa de crescimento de 4,3% em julho para apenas 0,8% em agosto.

Já os serviços de informação e comunicação reduziram o ritmo de alta de 2,1% em julho para 1,7% em agosto. “São justamente esses dois segmentos que têm maior peso no setor de serviços”, justificou Saldanha.

PIB em baixa

Os números da pesquisa reforçam a percepção de uma nova queda do PIB no terceiro trimestre, afirmou o economista-chefe da Icatu Vanguarda, Rodrigo Mello.

“Essa variação parece sinalizar que a taxa de serviços ficou negativa no ano. A não ser que o dado de setembro venha muito bom”, ponderou Mello.

O setor de serviços é o mais relevante para o PIB, pela ótica da oferta, com participação de quase 70%. Além dos impactos da menor demanda vinda de outros setores da economia, o segmento ainda pode ser afetado pelo menor ritmo de crescimento da massa de rendimentos e pela inflação ainda acima da média nacional, previu a analista Mariana Orsini, da consultoria Go Associados.

Por outro lado, os serviços prestados às famílias ainda mostram fôlego, com crescimento de 9% em agosto, graças aos serviços de alojamento, alimentação e parques temáticos. “No que se refere a lazer, as famílias estão mantendo um padrão de consumo considerado satisfatório”, disse Saldanha.

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) calcula que, descontada a inflação, os serviços completaram seis meses de queda na receita real .

Em agosto, a alta nominal de 4,5% na verdade significaria um recuo de 3,9%, levando-se em consideração uma inflação de serviços de 8,4% acumulada em 12 meses pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), também apurado pelo IBGE. (Fonte: Gazeta do
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