Em janeiro o FMI previu que a economia brasileira cresceria 0,3% em 2015, e em outubro era ainda mais otimista, com uma previsão de crescimento de 1,4%

O FMI voltou a reavaliar em baixa sua previsão para a economia do Brasil, a sétima do mundo, apontando agora uma contração de 1% neste ano, contra a expansão de 0,3% da previsão de janeiro.

"No Brasil, a confiança do setor privado permanece obstinadamente fraco devido aos desafios de competitividade que não têm sido enfrentados", indicou o Fundo Monetário Internacional (FMI) em seu relatório semestral sobre as perspectivas econômicas mundiais, publicado nesta terça-feira (14/4).

Em janeiro o FMI previu que a economia brasileira cresceria 0,3% em 2015, e em outubro era ainda mais otimista, com uma previsão de crescimento de 1,4%. O Banco Central brasileiro também prevê um ano de contração, de 0,5%, a metade da estimativa do Fundo Monetário.

Outros fatores que pesam são o risco de racionamento elétrico e de água no curto prazo, as consequências da investigação na Petrobras pela corrupção e a necessidade de ajuste fiscal, apontou o relatório.

"O ajuste fiscal terá um efeito negativo sobre o crescimento no começo do ano, mas acreditamos que melhorará a credibilidade e a confiança com o passar do ano, preparando terreno para o retorno do crescimento positivo", disse Oya Celasun, do departamento de pesquisa do FMI, em uma coletiva de imprensa celebrada em Washington DC.

Mais confiança, menos consumo
"O renovado compromisso das autoridades brasileiras com o controle do déficit fiscal e a redução da inflação ajudarão a restaurar a confiança na política macroeconômica de Brasil, mas diminuirá ainda mais a demanda no curto prazo", prevê o Fundo.

O governo projeta uma meta fiscal de 1,2% do PIB para 2015, depois de não ter conseguido atingi-la no ano passado, mesmo depois de reduzi-la para 0,2%.

Depois de registrar uma alta do PIB de apenas 0,1% em 2014, seu quarto ano consecutivo de fraca expansão, a maior economia latino-americana acumula dados macroeconômicos negativos.

A inflação gira em torno de 8,13%, bem acima da meta de 4,5%. O Banco Central estima que em 2015 será de 7,9%. A taxa de juros está em 12,75% e o país enfrenta ainda um déficit de conta corrente e na balança comercial. Até o desemprego, que se mostrou resistente durante meses, reverteu neste ano a tendência e começou a subir.

Como o resto da América Latina -que crescerá somente 0,9% neste ano, segundo a projeção do Fundo-, a economia do Brasil, primeiro produtor mundial de várias matérias-primas, também é afetada pela desaceleração dos mercados de commodities.

Segundo o FMI, a maior queda dos preços das matérias-primas deve ser a do minério de ferro, que tem o Brasil entre um de seus maiores exportadores.

Melhoras a partir de 2016
Para 2016, o FMI aguarda uma pequena melhora, com uma alta de 1% do Produto Interno Bruto (PIB). Entretanto, essa cifra é 0,5% inferior à prognosticada há três meses.

O FMI espera para este ano uma inflação de 7,8%, acima do teto máximo de 6,5% imposto pelo governo, mas acredita que haverá queda até 2017.

"Espera-se que a inflação supere o teto da margem de tolerância nesse ano, refletindo um ajuste dos preços regulados e a depreciação da taxa de câmbio, e que coincida com a meta de 4,5% nos próximos dos anos", apontou.

Neste ano real se desvalorizou mais de 13% em relação ao dólar.

O Fundo ressalta a importância de que as grandes economias implementem reformas estruturais significativas para elevar a produtividade e o crescimento de forma duradoura. Para o Brasil, o FMI recomenda sobretudo "reformas da educação, das leis trabalhistas e a busca de mercados para seus produtos, para elevar a competitividade". (Fonte: Correio Braziliense)
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