Em 2012, 16,1% da população ocupada era sindicalizada; percentual caiu para 9,2% em 2022 (Por Anaís Motta) - foto divulgação -

 O Brasil perdeu 5,3 milhões de trabalhadores filiados a sindicatos de 2012 a 2022. Hoje, o país tem 99,6 milhões de pessoas ocupadas, mas somente 9,1 milhões (9,2%) são sindicalizadas. É o menor patamar da série histórica, que começou em 2012, segundo dados divulgados hoje pelo IBGE.

O que mostra a pesquisa do IBGE
Número de sindicalizados atinge mínima histórica. Em 2012, 16,1% dos brasileiros ocupados (ou 14,4 milhões) eram sindicalizados. Em 2022, esse percentual caiu para 9,2% (9,1 milhões) — uma redução de quase 37% em dez anos. Os dados sãoda PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua e excluem os anos de 2020 e 2021, quando a taxa de resposta foi reduzida por conta da pandemia de covid-19.

Em 2013, país chegou a ter 14,6 milhões de trabalhadores filiados a sindicatos. Nos anos seguintes, o contingente entrou em trajetória de queda e se intensificou após a reforma trabalhista de 2017, que que derrubou a obrigatoriedade de contribuição sindical anual.

Percentual de mulheres sindicalizadas superou o de homens pela primeira vez. De 2012 a 2019, o percentual de homens entre os trabalhadores sindicalizados sempre foi maior que o de mulheres. Essa diferença diminuiu ao longo dos anos e, em 2022, a taxa de sindicalização entre as mulheres (9,3%) enfim ultrapassou a dos homens (9,1%).

Crescimento da ocupação não fez aumentar número de sindicalizados. A queda no número de filiados a sindicatos aconteceu mesmo em meio ao crescimento da população ocupada, que cresceu 11% em uma década: passou de 89,7 milhões em 2012 para 99,6 milhões em 2022.

"A expansão da população ocupada nos últimos anos não se converteu em aumento da cobertura sindical no país. Esse resultado pode estar relacionado a diversos elementos, como a forma de inserção do trabalhador na ocupação, as modalidades contratuais mais flexíveis introduzidas pela (...) reforma trabalhista e o uso crescente de contratos temporários no setor público."
Trecho da pesquisa do IBGE

Agro é a área com mais sindicalizados
Setor de agropecuária tem a maior taxa de sindicalização. Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura foi o grupo de atividades com o maior percentual de sindicalizados em 2022: 16,5%. Nestas áreas, há uma participação importante dos sindicatos de trabalhadores rurais, "principalmente nas regiões Nordeste e Sul", diz o IBGE. Em 2012, 22,8% dos trabalhadores deste grupo eram sindicalizados.

Administração pública também tem grande cobertura sindical. Embora tenha diminuído muito, passando de 24,5% em 2012 para 15,8% em 2022, o percentual de trabalhadores sindicalizados na administração pública, defesa e seguridade social, educação, saúde e serviços sociais segue acima da média nacional (9,2%).

Filiação a sindicatos é baixa mesmo em setores com muitos trabalhadores. No comércio, que responde por 19,1% da população ocupada, o percentual de sindicalizados caiu quase pela metade em dez anos, para 5,6%, ficando bem abaixo da média nacional. Segundo o IBGE, isso mostra que a cobertura sindical não depende necessariamente do número de trabalhadores de cada categoria.

"A cobertura sindical não necessariamente depende do contingente de trabalhadores em determinada atividade econômica, mas também de como os trabalhadores se organizam e o papel dos sindicatos nas relações de trabalho."
Trecho da pesquisa do IBGE

Sul lidera ranking
Região Sul tem a maior cobertura sindical do país. Mesmo acima da média nacional (9,2%), a taxa de sindicalização no Sul foi a que mais caiu nos últimos dez anos, saindo de 20,2% para 11% desde 2012. Também houve uma grande redução de filiados na região Norte, que foi de 14,8% para 7,7% no mesmo período.

Nordeste também tem percentual de filiação acima da média nacional. Em 2012, 10,8% da população nordestina ocupada era sindicalizada. O percentual caiu 5,7 pontos desde 2012, mas permanece acima da média nacional.

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Taxa de sindicalização no Sudeste ficou abaixo de 10% pela primeira vez. Percentual recuou para 8,3% em 2022. Nas regiões Norte e Centro-Oeste, a taxa ficou em 7,7% e 7,6%, respectivamente.

"Todas as regiões tiveram redução de sindicalizados em 2022. (...) O Sul (11%), que registrou a maior taxa de sindicalização em 2022, vem reduzindo a diferença em relação ao percentual do Nordeste desde 2012, com as duas regiões aproximando suas estimativas."
Trecho da pesquisa do IBGE (Fonte: UOL)

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